ARTIGO - O RETORNO DA ELITE AO PODER

07 de Jul / 2017 às 22h45 | Espaço do Leitor

Ingênuo seria, a esta altura, achar que o Aécio pudesse ser afastado do Senado, ou mesmo ser preso por ordem da justiça. Ingênuo é, igualmente, pensar que o Temer possa ser punido por corrupção a ponto de perder o cargo por votação na Câmara e no Supremo.

Há que se avaliar a conjuntura no seu todo. Ocorre que após mais de uma década de governos populares, a elite conservadora, finalmente, retoma o poder, e, com este, seu projeto neoliberal.

Aqui nos deparamos com duas visões antagônicas de Estado: o Estado de Bem-Estar Social, voltado para a promoção do cidadão, em todos os seus campos vitais (saúde, educação, alimentação, moradia, segurança, etc), e o chamado Estado Mínimo, que é quando o setor público transfere para a tutela de agentes privados atribuições que lhe são próprias, como aquelas há pouco citadas. Atribuições que, assumidas por tais agentes privados, visam apenas ao lucro fácil. Aqui a prioridade é o capital e não o social. Ou seja, o estado a serviço da elite econômica e não a serviço do povo. A preocupação desse segmento é com a bolsa de valores e não com o bolso dos trabalhadores.

Congelamento de gastos públicos, privatização de bens estatais, lei da terceirização, reforma da previdência... Todas essas medidas atendem a esse projeto de estado conservador, elitista e voltado para o interesse do grande capital.

Ora, os ministros do Supremo, assim como a maioria do atual Parlamento pertencem a essa elite que agora retoma o poder e que tem em temer o seu mais legítimo representante.

Temer tem o compromisso de fazer a transição, entregando o estado aos ricos. E isso ele tem tentado fazer através das “reformas”, mesmo sendo estas impopulares e desgastantes para o próprio governo.

Não há processo contra corrupção que barre esse projeto de poder e de estado em curso após o golpe de 16. Depois de alguns anos fora do poder, as elites que governam o Brasil desde os primórdios voltam ao poder e voltam para ficar. Não querem correr o risco que uma cassação nesse momento poderia acarretar. Só há uma saída: o povo nas ruas e o voto.

No próximo ano haverá eleições. Será o momento mais oportuno para se mudar o curso das águas. Mas não esqueçamos: o poder econômico trabalhará com todos os seus meios para eleger o máximo de candidatos que possam garantir os seus interesses.

José Gonçalves do Nascimento

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