*Seu Berto, Fazenda Barão e Faculdade de Agronomia de Juazeiro-Bahia

04 de Apr / 2017 às 23h00 | Espaço do Leitor

Eu vi a Morte, a moça Caetana,
com o Manto negro, rubro e amarelo.
Vi o inocente olhar, puro e perverso,
e os dentes de Coral da desumana.
Eu vi o Estrago, o bote, o ardor cruel,
os peitos fascinantes e esquisitos.
Na mão direita, a Cobra cascavel,
e na esquerda a Coral, rubi maldito.
Na fronte, uma coroa e o Gavião.
Nas espáduas, as Asas deslumbrantes
que, rufiando nas pedras do Sertão,
pairavam sobre Urtigas causticantes,
caules de prata, espinhos estrelados
e os cachos do meu Sangue iluminado.

Os versos  acima são de Ariano Suassuna. Sempre que recebo a notícia de um amigo chamado para o "Grande Sertão da Eternidade", me vem ao pensamento.

Hoje recebi a notícia da morte/desencarne/descanso do meu amigo Bartolomeu Venâncio dos Santos, meu amigo "Seu Berto". Lembrei de nossas conversas, lições, também da cachaça, nosso cigarro, sorrisos e rádio de pilha lá na Fazenda Barão.

Divido minha saudade com a viúva Dona Janina, os filhos, César, Sônia, Fátima e Mazarelo. Seu Berto era sogro do sanfoneiro e cantor Flávio Baião.

"Seu Berto foi aluno da primeira turma de agronomia da Universidade Estadual da Bahia que se formou em 1965. Ao falar da história da Universidade o ex-aluno se emocionava ao lembrar com carinho os momentos vividos em sala de aula, a luta pelo reconhecimento da Instituição e dos colegas então falecidos.

“A Faculdade ela significa tudo para mim. Eu deixava de dormir em casa para estudar com meus amigos à noite. Na época  trabalhava e estudava. Vencemos. A educação nos libertou", contava Seu Berto.

Lembro da alegria dele dizendo que teve a oportunidade de visitar uma exposição de fotos antigas que aconteceu no prédio da Uneb, ao lado do primeiro ônibus da Universidade, conhecido como Belo Antônio pelas turmas de agronomia da década de 1960 e de 1970.

Lembrarei hoje quando os ponteiros anunciarem 18 horas o que diz a Escritura Sagrada: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir".

Boa Viagem meu amigo Seu Berto...Inté qualquer outra hora!

*Ney Vital-jornalista

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.