PF suspeita que Odebrecht fez obra na piscina do Alvorada durante mandato de Lula

13 de Nov / 2016 às 13h00 | Variadas

A Polícia Federal investiga se a Odebrecht fez uma reforma na piscina do Palácio da Alvorada durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem contrato com o governo e sem o registro público da obra. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a PF começou a suspeitar da obra após análise de mensagens trocadas em 2008 pelo presidente da empresa à época, Marcelo Odebrecht, com outros executivos da empreiteira investigados pelo envolvimento pelo esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Lula já responde a três inquéritos que apuram favores e pagamentos que ele teria recebido de empreiteiras após deixar o governo e a nova apuração pode reforçar as acusações. Se as suspeitas forem confirmadas, evidenciaria o recebimento de favores também durante o exercício do mandato. Documentos aos quais Folha teve acesso confirmam que foi realizada uma reforma na piscina do palácio na mesma época das mensagens analisadas pela PF. Funcionários da Presidência da República e pessoas ligadas à Odebrecht confirmaram à reportagem que a obra foi feita sem ter contrato.

As mensagens foram encontradas nos computadores da Odebrecht. Em 1º de abril de 2008, Marcelo perguntou ao então presidente da construtora do grupo, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, se "o trabalho das pedras foi bem concluído" e explicou que seu pai, Emílio Odebrecht, se encontraria com “o amigo”. naquele dia seu pai, Emílio Odebrecht, se encontraria com o "amigo". "Meu pai vai estar com o amigo hoje. O trabalho das pedras foi bem concluído? Qual ficou sendo a solução final?".

Para os investigadores, o termo “amigo” refere-se a Lula, apelido confirmado pro executivos que negociam delação. Um mês antes, Marcelo recebera e-mail de sua secretária, afirmando que um executivo da Vale, Carlos Anisio Figueiredo, morto em 2013, tinha "urgência em lhe falar sobre a colocação de granito na piscina em Brasília". A funcionária perguntava se podia encaminhar o assunto a Benedicto Júnior. Marcelo consentiu, mas mostrou preocupação em evitar que se tornasse público a participação da Odebrecht com a reforma. "Alinhar para não haver divulgação e qual a estratégia se houver (provável) vazamento na mídia", escreveu. "Lembre o rolo que foi a reforma do Planalto. Na época, pensei em ser mencionado como doação do pessoal de granito do Brasil para divulgar para visitantes do exterior”, completa.

O relatório da PF afirma "diante da proximidade das datas das mensagens", há uma "clara possibilidade" de que elas tratem do mesmo assunto. Procurada, a assessoria de Lula não se manifestou sobre a suspeita da PF, mesmo posicionamento da Odebrecht.  A Vale informou que desconhece a citação ao ex-executivo da empresa Carlos Anisio Figueiredo em um e-mail endereçado a Marcelo Odebrecht sobre a colocação de granito na piscina e informou não faria comentários, entre outras razões, porque o funcionário citado no e-mail já morreu.

BN

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