ESPAÇO DO LEITOR: GREVE NO HOSPITAL REGIONAL – UMA INCONSEQUÊNCIA

24 de Oct / 2016 às 13h30 | Espaço do Leitor

Pela segunda vez, neste ano, o Hospital Regional de Juazeiro  cerra suas portas, pelo motivo de, Médicos, Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem e demais funcionários, entrarem em greve por tempo indeterminado.

Tudo isso  se deve, dentre outras coisas, à falta de pagamento de salários da classe, à falta de medicação para os doentes, inclusive os internados, à falta de condições para que os profissionais da saúde possam exercer a medicina com a responsabilidade que ela requer, além da sensibilidade dos Governos do Estado da Bahia que,  como dizia, sabiamente, a minha velha avó, “querem botar o chapéu onde o braço não alcança”!

Desde o ano de 1988, quando se colocou na Constituição Brasileira que “Saúde é um de direito do cidadão e um dever do Estado”, que começou esta via crucis dos brasileiros  de menor poder aquisitivo, em busca daquilo que a nossa lei maior lhe garante como um direito, mas que a política brasileira, com todos os seus desmandos e corrupções, não deixa espaço para que o espírito da lei possa lhe dar vida ou  arranque-a do papel onde ela está escrita, para pô-la em prática no dia a dia, deixando assim de dividir os cidadãos em duas categorias:  os de primeira e os de segunda categoria. Aqueles que podem ter um plano de saúde, e aqueloutros que têm que esperar pela boa vontade dos Governos.

Este é o Brasil da atualidade. Esta é a herança do PT. Que num determinado momento surgiu como o salvador da pátria, e mais tarde, quando a justiça  começou a desnudá-lo, por baixo ele estava todo apodrecido, fétido, com todo o seu tecido em verdadeiro estado de putrilagem.

Eu, apesar de médico, nunca acreditei no SUS! Porque no papel ele é muito bom e bonito, não há nada melhor para uma sociedade, nem para o ser humano do que a letra da Lei 8080, de 19 de setembro de 1990. Porém, quando entra, como executante, o homem e o Estado nos três níveis: federal, estadual e municipal, principalmente o “Hommo politicus”, ai então a coisa degringola, o olho cresce, a conta passa a ser a velha conta de Luiz Gonzaga: “Um prá mim, um prá tu, outro prá eu”. E não tem história de verba carimbada não! Em cada mão por onde esse dinheiro passa, ele vai ficando uma certa quantidade, de maneira que quando chega na outra ponta, foi-se embora um considerável percentual do mesmo. E quem é que vai sofrer as consequências disso? O pobre e o necessitado que está lá na ponta, como é o caso daqueles que precisam do Hospital Regional de Juazeiro, e encontram-no fechado por falta de verbas, enquanto a SESAB alardeia que pagou cinco milhões de reais no mês de setembro, à empresa que administra o Hospital, quando todos nós sabemos que cinco milhões representa, talvez, o pagamento de apenas um mês da dívida da SESASB para com aquele Hospital.

Ainda precisamos amadurecer bastante para sermos donos do nosso próprio destino, das nossas próprias decisões. Caso contrário, estaremos sempre chorando sobre o leite derramado, e... só depois de derramado!

Nossos políticos ainda estão por demais imaturos e o locupletarem-se, é um verbo sempre a ser conjugado por eles.

Não se concebe que uma pessoa gaste seis ou oito milhões de reais numa campanha para eleger-se prefeito de uma cidade de porte médio, quando ele  próprio tem a consciência de que durante os quatro anos de mandato jamais  ganhará, decentemente, uma soma semelhante. E para se eleger Deputado Federal? Governador de Estado? Presidente? Etc... aí então vale tudo!

É preciso que se reestude outra fórmula para o SUS que não a atual, ou então que o nosso Direito Penal seja revisto imediatamente. Para colocar na cadeia aqueles que fraudam esse mecanismo da sociedade. No Brasil se prende muito e se prende mal, conforme afirmação do próprio Ministro da Justiça. Desde já é necessário que os nossos legisladores deixem de facultar tantas brechas nas leis, como se elas fossem um mecanismo de auto defesa, e determinassem que uma vez transitada em julgado a sentença, o condenado teria que cumprir a pena na sua totalidade, e não um sexto ou um quarto da mesma,  e começar, a partir daí, a usufruir as benesses da lei.

Dr. Carlos Augusto Cruz Médico/Advogado/Delegado do CREMEB

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.