ARTIGO – MEDALHAS versus TORNOZELEIRAS ELETRÔNICAS

21 de Aug / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

Eventos esportivos da magnitude de uma Copa do Mundo e uma Olimpíada oferecem a quantos comparecem aos Estádios e Arenas, ou assistem pela TV, a oportunidade muito especial de testemunharem as extraordinárias exibições de competência e grande superação de todos os limites pelos atletas, os quais se dedicam a exaustivos treinamentos para a conquista do justo prêmio das medalhas de ouro, prata e bronze, na sua maioria sem terem obtido qualquer ajuda oficial, no caso de muitos brasileiros, salvo alguns que são atendidos por Leis de incentivo ao esporte. Mas, o pódio é a sublimação de todo um esforço e dedicação ao longo de quatro anos de intenso trabalho.

Toda essa vibração durante 16 dias de Olimpíada no Rio de Janeiro fez com que o povo esquecesse, temporariamente, as amarguras que a Nação novamente experimenta na sua história, com um processo de impeachment de um Presidente da República. Esse episódio lamentável, conquanto questionável por muitos quanto ao mérito dos crimes cometidos de responsabilidade fiscal, pedaladas fiscais ou o que mais queira considerar, já merecia a imputação pelo engodo, mentiras, ocultação dos números reais da economia, acobertamento ou omissão diante do assalto aos cofres públicos e quase destruição de um patrimônio nacional como a Petrobrás...! Isso é mais que fato verídico, ainda que alguns queiram fechar os olhos e utilizar o cansativo discurso do “é golpe! ”.

O argumento débil e inconsistente que se usa na cansativa repetição de que ela “não merece o impeachment, porque é uma mulher honesta”, faz o leitor se recordar de algum cidadão neste país que não se cansa de bradar aos quatro cantos, também, de que “não tem uma viva alma mais honesta do que eu...! Uma exaltação inócua do ato de ser honesto, como se não fosse uma qualidade obrigatória e necessária ao caráter do cidadão, principalmente daqueles que exercem função pública, e ainda mais na Presidência da República...! Sobre tais afirmações em favor de si mesmo, existem questionamentos cada vez mais e mais evidentes.

Já ponderei algumas vezes aqui que, no meu entendimento, pelo sistema eleitoral brasileiro o Vice é eleito atrelado ao titular da chapa, e assim ajuda com votos do seu partido, mas não tem votação própria e independente, existindo uma responsabilidade solidária nos erros e nos acertos da gestão... O caixa 2 que foi acionado para eleger a Presidente igualmente contribuiu para eleger o Vice-Presidente! O marqueteiro João Santana, que foi responsável pelas campanhas de 2010 e 2014, antes de aderir à delação premiada, declarou: “Eu, que ajudei a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente”. Cabe a pergunta: com essa declaração, será mesmo que esse Santana não sabe da sujeira praticada? Onde está, então, a inocência a ser invocada para imunizar de igual culpa tanto a Presidente como o seu Vice, ora Presidente Interino?

Todo esse enfoque preliminar, serve para mostrar a perspectiva do instável momento histórico que atravessamos. Mas, o tema dessa crônica pretende mesmo é exibir os extremos de duas premiações bem diferentes. Uma, a Olimpíada, que valoriza os esportes, a exaltação à saúde, a recompensa por uma conquista extraordinária e que todos festejam com muita emoção ou com lágrimas de alegria: AS MEDALHAS. Outra, a Olimpíada dos Corruptos, dos bandidos do colarinho branco, destituídos de qualquer sentimento de respeito e decência para com o patrimônio da Nação e que recebem como prêmio por assaltar o dinheiro público, um constante monitoramento através das: TORNOZELEIRAS ELETRÔNICAS!

São dois cenários bem distintos, sendo que um dignifica e o outro envergonha a nação brasileira. O que estimula e fortalece a esperança de mudança para um Brasil de mais decência no futuro, é saber que existem pais de família que ainda preservam os princípios básicos da boa educação doméstica e que há professores, mal remunerados sim, mas incansáveis em transmitir uma sólida formação para as nossas crianças e jovens. Assim, nem tudo está perdido, e temos o direito de sonhar com uma nova geração de homens e mulheres de vergonha neste nosso país! E essa conquista será, sem dúvidas, uma verdadeira e sonhada MEDALHA DE OURO!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

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