ARTIGO - BRAVOS GUERREIROS

07 de Jul / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

A cidade dorme. Fatigada da labuta diária, esfalfada pelas suas ambições, extenuadas pelas suas lutas, abatida pelo excesso de sua vibração diurna, estafada pela febre das suas paixões. A cidade caiu no letargo de todas as noites. Calaram-se as últimas vozes da multidão, cessaram os últimos restos do trabalho e do prazer, recolheram-se os últimos notívagos, fecharam-se como túmulos todas as casas.  Quem por aí, que já não tenha, ao menos uma vez tremido de susto e vibrado de emoção e entusiasmo ao ver o trabalho, ao admirar a coragem desses bravos bombeiros, e entre as chamas?

Coragem estupenda,cem vezes mais admirável do que a dos soldados que afrontam a morte nos campos de batalha. Nos campos de batalha há promoção: tal soldado a cabo de uma campanha, troca à blusa grosseira de guerreiro humilde pela farda agaloada de capitão, e até a farda bordada de general. Mas, neste campo de batalha contra o fogo, heroísmo é obscuro, a glória é anônima e a recompensa é nula.

Assombrosa luta! Um homem fraco pequenininho, humilde,contra o fogo que tudo pode! Uma espessa atmosfera negra e impenetrável rodeia a casa incendiada... De repente um grosso jato de água espanca e rasga a muralha de fumaça, e então vêem lá em cima as salamandras heroicas, mourejando entre as labaredas, lambidas e enoveladas por elas, numa peleja sobre humana!

Espetáculos que, uma vez completado, nunca mais é esquecido... É a luta dos pigmeus contra o briaréu de mil braços acessos. Este herói, rodando no ar sua machadinha com que golpeia como Vulcano, dentro de uma chuva de águas vivas: aquele que se debate, como laocoonte, entre as roscas de serpentes ígneas; aquele outro, insensível às chamas que lhe remordem a face e as mãos, balança-se, pendurando a uma escada de corda, carregando um inválido, ou uma mulher, ou uma criança, que sua bravura arrancou das garras de uma horrenda morte; são as salamandras humanas, os gênios do fogo, não filho dele, mas seus inimigos, quando ele não para a vida.

O Dia Nacional do Bombeiro não nasceu de uma simples homenagem aos valentes e destemidos guerreiros de fogo, da água e das alturas, mas sim da conquista, da luta e do reconhecimento da sociedade, como se vê no decreto n° 35.309, de 02 de abril de 1954, assinado pelo então Presidente do Brasil, Getúlio Vargas, que insistiu o "Dia Nacional do Bombeiro e a semana de Prevenção Contra Incêndio": "Considerando o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, já se tomou credor da estima pública pelos reais serviços que vem prestando ao País, considerando que o bombeiro brasileiro sempre recebeu demonstração das mais carinhosas do povo pelas constantes provas de valor e bravura; considerando que o dia 02 de julho de 1856 foi assinado o primeiro decreto, regulamentando no Brasil, o serviço de extinção de incêndios. Art. 1°- Ficam instituídos para serem comemorados anualmente, no dia 02 de julho e na semana em que este dia estiver compreendido, respectivamente "Dia Nacional do Bombeiro" e a "Semana de Prevenção Contra Incêndios".

Enio S. da Costa - Sargento bombeiros e educador.

Foto CBM-BA

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