ARTIGO - JUAZEIRO-PETROLINA: RESULTADOS EM MEIO À CRISE.

10 de May / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

Ainda que estejamos numa das maiores crises de todos os tempos, notadamente no que se refere aos desdobramentos da grave instabilidade politica pela qual passa o país e derroca a economia, ainda assim podemos observar algumas boas notícias da economia do vale do submédio São Francisco.

 Apesar de todo um quadro negativo, o polo Juazeiro-Petrolina parece resistir e volta e meia apresenta alguma novidade positiva, como os resultados da agricultura irrigada, a realização de continuados eventos, mais investimentos privados que são anunciados e mesmo com alegrias dadas pelo futebol.

No final do ano passado e início deste ano alguns números apresentados pela agricultura irrigada foram muito bons, como os preços alcançados pela manga Tommy, que chegaram aos R$2,00/kg no mercado interno, e mais de US$ 1,00/kg no internacional, com o dólar quase passando dos R$ 4,00. Além da manga, produtos como cebola, melancia e banana também dispararam de preços e produtores e distribuidores se deram muito bem, deles comprando carrões e se safando da crise.

Destacam-se ainda os elevadíssimos índices de produtividade obtidos pela produção local de cana-de-açúcar, com mais de 100 ton./hectare, muito superior à média nacional de pouco mais de 70 ton/hectare, além dos preços que também muito aumentaram, superando-se os R$ 80,00 por saca de açúcar no início deste ano, contra pouco mais de R$ 50,00, do inicio do ano passado.

Esses números continuam a dar folego à região do polo Juazeiro-Petrolina que parece enfrentar a crise com menos dificuldades.

Por conta disso, talvez, observem-se com muita frequência a realização de shows e eventos com grandes atrações nacionais, a preços que nem nas capitais são vistos, ou oferecidos em festas como São João, Vaquejadas e outras, com grades de programação recheadas de cantores caríssimos.

Talvez por conta disso também Juazeiro tenha anunciado recentemente a conquista de mais um interessante investimento, um hotel de primeira qualidade, além do recém-inaugurado shopping, numa demonstração de competência dos que buscam estimular o crescimento e o desenvolvimento da região.

Por outro lado, percebe-se também que alguns outros setores parecem ter recebido um freio de arrumação, em razão da mesma crise que tem desestimulado o consumo e o investimento. Isso pode ser facilmente observado nos segmentos de eletroeletrônicos, vestuário e calçados, automóveis e motocicletas, os chamados bens de consumo semidurável e os duráveis. Assim também com o segmento de alimentação que pode ter sofrido alguma retração, com as grandes redes de varejo repensando suas estratégias.

É também visível que os investimentos na construção civil possam ter sofrido um razoável desaquecimento e a grande oferta de imóveis tenha virado um significativo estoque. Esse fenômeno provoca a estabilidade dos preços, sem necessariamente trazer grandes perdas ao setor, mas com certeza redução de ganhos.

As leis da economia funcionam de verdade.

Mas ainda cabe registrar outras conquistas interessantes, em meio ao turbilhão da crise, reveladas pelo interior que sempre sofre mais que a capital. Embora seja utilizado para amortecimento dos efeitos da crise, o futebol sempre trouxe alegria para a população e, ao longo dos últimos anos, tem-se observado a redução da hegemonia dos clubes das capitais.

Seja em Santa Catarina ou em São Paulo, seja em Pernambuco ou na Bahia, os times do interior tem se consolidado como importantes forças desbancando cada vez mais a supremacia dos clubes das capitais.

Registre-se, assim, as grandes conquistas alcançadas pelos times da Juazeirense e do Salgueiro, que ficaram em 3º e 4º lugares respectivamente nos campeonatos baiano e pernambucano, e que demonstram que tem evoluído profissionalmente, tal qual a estrutura econômica da região.

O futebol, assim como a economia, depende de boa combinação entre técnica e tática, mas também de um ambiente favorável para prosperar.

É preciso, entretanto, que sejam evitadas eventuais associações com interesses alheios ao esporte, mas continuar o processo de intensificação das ações que melhor estruturem os clubes locais e de divulgação das conquistas, estimulando-se assim o crescimento das torcidas pelos times do interior.

Bons preços, boa produtividade, bons resultados estimulam o enfrentamento e a superação da crise.

Mas é preciso ressaltar que nada é pra sempre. Tem que se aproveitar os bons momentos e perseverar.

De resto, é tentar ajudar ao país a sair dessa grande instabilidade e continuar trabalhando para que o Vale continue a oferecer boas noticias.

MÁRCIO ARAÚJO - Economista, Mestre em Economia e Doutor em Administração.

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