ARTIGO 180 – RECICLANDO OS NOSSOS (MAUS) COSTUMES – II

06 de Mar / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

De tanto se conviver nos últimos tempos com uma saúde pública em estado deplorável, em que a população humilde que antes dependia inicialmente do Programa de Assistência desempenhado pelo SUS e passou a não ter mais qualquer esperança, optei por dar um tempo, nesta edição, na abordagem sobre a estúpida situação política em que estamos vivendo. Assim, resolvi me associar às preocupações gerais da população e de confrades colaboradores do Blog como o Acord@dinho, preocupados com os graves problemas de higiene e limpeza pública, que são os condutores das graves mazelas que afetam a saúde da população em geral e estimulam a epidemia de doenças provocadas pelo mosquito da “dengue”, na atualidade.

Mesmo com as informações diárias e frequentes quanto aos cuidados para evitar a proliferação do mosquito, a televisão exibiu vergonhosas imagens aéreas mostrando casas, lajes e construções abandonadas, com enorme quantidade de água exposta à espera dos mosquitos, numa visível irresponsabilidade da população e de Construtoras que abandonam obras e que estão se lixando para os riscos a que expõem a saúde pública...

Assim, recordei-me de um tema que já foi por mim abordado anteriormente, neste Blog, sob o título acima, em outubro de 2013, e optei por reeditar alguns pontos ali levantados, e que coloco entre aspas, para ressaltar a diferença no tempo: 

“É muito comum ouvirmos a todo instante e nas mais diversas rodas, reclamações incisivas e contundentes quanto ao nível de sujeira das cidades em geral, sofrendo os prefeitos e suas equipes de limpeza pública todas as críticas e pressões possíveis e imagináveis. Fazer a garimpagem diária de todo o lixo produzido pelas cidades é um processo contínuo e interminável, de extraordinária importância na geração do bem-estar da população, cujo valor que representa minimiza o elevado custo para qualquer administração pública. Normalmente, as pessoas são levadas a serem duras na crítica e pouco generosas no elogio, nos dois momentos diversos em que as cidades estão sujas ou limpas, respectivamente.

[...] Recentemente, ao transitar pela cidade, vi um saco de lixo intacto e bem amarrado, postado sem qualquer rasgão no centro da rua, próximo a um Hospital. Logo me pus a imaginar: que cachorro zeloso e educado, que puxou este saco para a via pública com tanto cuidado que nenhum detrito ou resto de comida se espalhou pelo chão! Será que foi mesmo um irracional que fez aquilo?

[...] Mas é importante lembrar que os mesmos arautos cobradores da higiene pública são surpreendidos jogando papel, copos e sacos plásticos, latas de cerveja, tocos e maços de cigarros, e toda espécie de objetos geradores de lixo nas vias públicas ou arremessados pelas janelas de bonitos carrões. Esse costume reprovável contribui para passar a jovens e crianças muito dos maus hábitos caseiros de que são portadores. Para a correção dessa prática nociva urge a implantação de um projeto doméstico de reeducação. Processo que deve começar pelos adultos, pais ou não, e assim as nossas crianças e jovens serão transformados pelo exemplo dignificante dos mais velhos.

Estou me referindo à prática de bons costumes e nesse contexto não vejo apenas o lixo como o vilão da sociedade. Como é bonito quando se diz que o povo de uma cidade é educado, e inversamente triste quando se ouve dizer que o povo ou seus jovens são mal-educados. Tudo isso é fácil de ser identificado nos pequenos gestos das relações pessoais diárias. No tratamento respeitoso que deve ser dedicado às pessoas e aos idosos em particular. Não há melhor escola que o próprio lar, a família, para se sedimentar aquilo que se convencionou chamar de “educação doméstica”.

Não pactuo da velha tese de que “o pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”. É preciso acreditar num sistema de transformação. Se os adultos não tiveram a base que possa produzir os efeitos desejados na formação das crianças e dos jovens, cabe à escola e aos seus educadores o compromisso moral de participar desse processo de mutação, participando do esforço de elaboração de um novo perfil para o jovem, o adulto de amanhã. Ao poder público cabe a participação responsável nessa batalha de reformulação dos princípios e costumes de sua gente.

[...] Vivemos hoje novos tempos, em que muito se fala na reciclagem com o objetivo de dar sentido e utilidade a tudo que já teve uso e que se tornou descartável. Talvez ao longo da vida, e até os dias de hoje, tenhamos usado de hábitos e maus costumes que maculavam a nossa imagem. Após uma reflexão pessoal, que nos conduza a ter prazer no ambiente em que habitamos, vamos assumir um novo propósito de vida Reciclando os nossos (maus) costumes? ”.

Conclui-se que, em quase três anos decorridos do texto citado, ele continua atual porque nada mudou. É preciso que assumamos uma nova ATITUDE DE VIDA, com mais respeito e disciplina às regras de conduta instituídas pelas leis do Estado, o que será o primeiro passo para um sério e definitivo processo de mudanças, a partir de nós mesmos como cidadãos. Das observações feitas durante esse giro, uma verdade se torna evidente: que, para um ambiente público limpo e decente, não basta ter lixeiras espalhadas pelas ruas, mas uma população consciente de que tem de fazer a sua parte.

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Da Flórida - EUA)

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