2º CAUSO DO BANEB.

02 de Feb / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

Em maio de 1977, abandonei o curso de teologia na Universidade Católica de Salvador e fui tentar a vida em Sun Paulo. Era assim que a maioria das pessoas dessa época se referia a São Paulo.

Sem conseguir emprego na capital paulista, voltei pra Juazeiro (BA) e fiz o concurso do Banco do Estado da Bahia, na cidade de Senhor do Bonfim, nos dias 09 e 10 de julho. Fui aprovado em 1º lugar entre os candidatos inscritos em Juazeiro e em 12º lugar entre os candidatos inscritos em todo o estado da Bahia. No mês de agosto, conclui o processo de admissão e fui lotado na minha terra natal. Estava feliz. Desde criança eu sonhava ser bancário. Queria andar bem arrumado com as roupas compradas a prazo no armarinho Santo Antonio (com Pedrão Modas e Silvio Alfaiate) e com brilhantina “Glostora” nos cabelos.

No dia 22/08/1977, quando a agência do BANEB Juazeiro começou o expediente interno, entrei e procurei por Falcão (Gerente Geral), Dórea (Gerente Operacional) e José Antonio (Gerente administrativo). Sendo informado de que os dois primeiros ainda não tinham chegado, me conduziram a José Antonio, que trabalhava no 1º andar do edifício, no mesmo local onde ficava Pacheco, um funcionário exemplar.

Apresentei-me e entreguei a José Antonio a carta de apresentação encaminhada pelo Departamento de Recursos Humanos - DERHU. José Antonio (natural da cidade de Santo Estevão:BA), me deu as boas vindas, fez algumas explanações a respeito do BANEB e do funcionamento da agência. Em seguida jogou 2 livros enormes nos meus peitos, e disse: Pode sentar aqui nesta mesa. Você tem uma semana para estudar os planos contábeis do banco. Na sexta-feira que vem eu vou fazer uma sabatina com você e, dependendo das respostas, vou decidir em qual setor você irá trabalhar.   

Chegou à maldita sexta-feira. José Antonio abriu os planos de contas, me fez três perguntas e pelo jeito acho que não acertei nada, já que ele me designou para trabalhar no pior setor da agência: A Swat.

Na “Swat” a gente tinha hora para chegar e não tinha hora para sair. Entrávamos antes das 4 da tarde (quando o banco fechava para o público) e geralmente só saiamos de madrugada. Muitas vezes vi o sol raiar e outras vezes, vi os meus colegas chegarem para trabalhar no dia seguinte. A coisa piorava nos dias em que tínhamos de fazer os lançamentos das folhas de pagamento dos funcionários públicos do Estado. Nessa época o sistema ainda era totalmente mecanizado, já que não existia o computador.

Contudo, a minha maior frustração não foi trabalhar na “Swat” e sim, trabalhar no expediente interno, o que impedia de exibir para o publico, as minhas roupas chiques e os meus cabelos lambuzados de brilhantina “Glostora”.

*Acesse o link abaixo para escutar a propaganda dessa época da brilhantina “Glostora”.

http://www.locutor.info/Jingles/Jingle%20Glostora%2040%2050.wav  

Boa Vista (RR), 02/05/2014.

Por Gilberto Maciel Santos

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