Com foco no combate ao racismo, Brasil e Espanha disputam amistoso no Santiago Bernabéu

26 de Mar / 2024 às 15h00 | Variadas

Um amistoso que tem peso de decisão. O jogo mais importante de Vinícius Júnior com a camisa da Seleção Brasileira. Com o simbolismo de acontecer no estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid. Brasil e Espanha farão mais do que uma partida de preparação para os compromissos seguintes pela Copa América e Eurocopa, respectivamente. É um encontro para dar uma mensagem ao mundo, o de “uma só pele”, lema criado para ajudar no combate ao racismo, impulsionado pelos casos de preconceito sofrido pelo atacante brasileiro nos últimos meses em solo espanhol. A chance de provar o papel social do esporte. Um ato histórico em que, diferente do que acontece dentro de campo, os dois lados podem vencer. 

Na véspera do confronto, foi justamente Vinícius Júnior o escolhido para dar entrevista coletiva. Firme nas palavras, o jogador fez um desabafo sobre os casos de racismo que tem sofrido na Espanha. "Cada vez estou mais triste e tenho menos vontade de jogar. Mas não vou desistir. Eu quero fazer com que as pessoas possam evoluir, melhorar, ter igualdade. Que em um futuro bem próximo possamos ter menos casos de racismo. Que as pessoas negras possam ter uma vida normal, como todas as outras. Se fosse por mim, eu já teria desistido, eu fico em casa, ninguém vai me xingar. Tenho que me concentrar muito nos jogos para fazer o melhor para a minha equipe", afirmou.

O brasileiro também lamentou a falta de punições aos envolvidos nos atos de racismo. "Se começarmos a punir todas essas pessoas que cometem crimes, que aqui (Espanha) não consideram crime, vamos começar a evoluir. Tudo será melhor para todo mundo. Faço muitas denúncias. Chegam cartas para eu assinar a todo mundo, para fazer mais denúncias. Mas, no final, eles arquivam o processo. Se começarmos a punir, não sei se vão mudar o pensamento, mas pelo menos essas pessoas terão medo de falar, principalmente onde tiver câmeras. Vamos diminuir os casos e colocar medo nas pessoas. E que elas possam educar seus filhos. Às vezes até crianças me xingam, mesmo sem saber do que se trata. Mas eu não condeno eles, é uma questão de educação", completou. 

O técnico do Brasil, Dorival Júnior, preferiu destacar que o comportamento racista de alguns torcedores não deve manchar a boa relação entre os países."Acho que espanhois e brasileiros se respeitam demais, são povos extremamente amigáveis, receptivos e fazem da cordialidade seu caminho para uma aproximação. Mas é lamentável o que temos visto. Sabemos que é uma minoria, pessoas que vão com problemas internos e que jogam para cima de um garoto todo aquele ódio e rancor que possuem. Sinto muito por isso. Se houve um crime, e constatado pela Justiça, tem de ser punido em todos os aspectos, doa a quem doer", apontou.

A tendência é que o Brasil mantenha a base do time que venceu por 1x0 Inglaterra, com gol de Endrick. Em seguida, no mês de junho, a Seleção encara os Estados Unidos, encerrando a série de testes antes da disputa da Copa América. 

Folha PE

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