Artigo: O boom da mandioca no Nordeste

10 de Feb / 2024 às 23h00 | Variadas

A mandioca, cujo centro de origem é brasileiro-paraguaio, é uma planta de características notáveis e amplo desenvolvimento, apreciada e utilizada de norte a sul do país, assim como em diversas nações da América do Sul e da África.

Ao remontarmos aos antigos habitantes indígenas, percebemos que eles não apenas reconheciam a importância da cultura, mas também dominavam técnicas sofisticadas, como fermentação e fabricação de bebidas alcoólicas, utilizando em celebrações e rituais religiosos.

A domesticação milenar da mandioca consolidou-se como uma cultura estratégica para a alimentação no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, em que a fonte de amido desempenha um papel fundamental, constituindo a base da pirâmide alimentar. No entanto, sua relevância ultrapassa a alimentação e alcança setores de maior rentabilidade.

O aumento global da demanda por fécula, derivada da mandioca, é impulsionado por sua versatilidade e aplicações diversificadas. Esse crescimento se deve à busca por alternativas mais saudáveis e sustentáveis em setores industriais. A indústria alimentícia adota a fécula como espessante e agente de textura, enquanto a conscientização ambiental impulsiona seu uso em bioplásticos. Além disso, em cosméticos e têxteis, suas propriedades absorventes e texturizantes a tornam valiosa. Assim, os avanços tecnológicos e acesso internacional contribuem para a disseminação desse componente, o que reflete em uma mudança mundial em direção a soluções mais inovadoras.

A mandioca surge, então, como uma opção viável para o semiárido de sequeiro, ofertando oportunidades de rentabilidade. A alta demanda global por fécula, combinada com o acréscimo nos preços da farinha em virtude da escassez de matéria-prima, decorrente da forte seca no estado do Pará, resultou em um significativo aumento no valor da tonelada de mandioca, atingindo expressivos valores acima de mil reais, em 2023. Essa valorização oferece uma perspectiva promissora para os agricultores da região, destacando a mandioca como uma cultura estratégica capaz de gerar renda e prosperidade.

Álvaro Eugênio Engenheiro Agrônomo - Consultor Campoceres

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