Opinião: Quanto Vale Uma Vida - Por Ticiano Felix

26 de Dec / 2023 às 23h00 | Espaço do Leitor

Relendo o filósofo alemão, Arthur Schopenhauer, em uma de suas filosofias dizia: “Em tudo crer e em nada crer, é uma metade da sabedoria humana”.

Neste, 25 de Dezembro de 2023, entre um intervalo e outro de troca de água dos meus capins, me deparei, ouvindo uma linda, triste e reflexiva música, na voz de Rolando Boldrin, denominada  Quanto Vale Uma Criança, essa canção é, mais uma obra prima, da parceria entre o “Davinciano”, ator, diretor, dramaturgo, poeta e compositor italiano, naturalizado brasileiro, Gianfrancesco Guarnieri, com Toquinho. 

Não estranhem o trabalho em pleno Natal. Se for duvidar, lembre-se de Schopenhauer. Assim como existe um ditado que diz: “Em tempo de chuvas não se pode confiar em Deus”, entendo que deveria ter um outro que diria: Em tempos de seca não existe dia santo. Voltando à ala poética, a letra faz diversas indagações, que eu cá comigo, batendo um papo com meus cachorros, vi o quanto é atual, e por estarmos no período natalino, lembrei-me naturalmente de Maria, mãe solteira, que casou com um pobre carpinteiro, fugindo por um deserto, para salvar o seu bebê das ordens de um demônio coroado, chamado Herodes, que mandou exterminar todas as crianças com idade inferior a 2 anos (isso é que chamo de medo de profecia). Quanto valia a vida do menino Jesus? Por certo, o valor da fé de todos os cristãos, religiosamente, não existe preço! Porém, se não fosse por Constantino, que concedeu liberdade ao culto cristão em 313 d.C. e em 325 d.C. quando organizou o Concílio de Niceia, dificilmente a então Ceita chegaria a ser a maior religião do mundo. Então imaginemos que o Vaticano não exibiria tanto adorno em puro ouro; mas quanto valia as vidas das inúmeras crianças de Belém, que tiveram as suas vidas ceifadas por esse tirano? Difícil calcular, talvez o preço da passagem para o inferno, passando pelo reino de Hades e também por Musphelhein,  que espero que o Herodes tenha pagado, para morar com seus asseclas da maldade. O certo é que os Reis Magos não imaginavam a outra metade da sabedoria humana, que filosofou, tempos depois Schopenhauer, “Muito saber e pouco dizer”.

E quem vale mais? as crianças Israelenses, degoladas pelo grupo terroristas Hamas, ou as  crianças palestinas que foram mortas pelo terror dos contra-ataques do Estado de Israel? Eu não sei dizer, mas tem “formadores de opiniões alheias”, fazendo as contas e dando o resultado, com até “a prova dos noves fora nada de anormal”, e dizem eles: DEGOLAR CRIANÇAS, faz parte das guerras. – Pasmem! Vi um senhor de uma certa idade, defendendo essa tese, com isso me veio a mente a Águia de Haia (Ruy Barbosa), quando disse: “Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”.

Voltando à canção, tem uma estrofe que pergunta:

Quanto vale uma lágrima
Triste, vil, em descaminho 
No rostinho de menino 
Que tem medo de carinho.

Aí sou obrigado a lembrar das lágrimas das filhas de Cleriston Pereira da Cunha. Para quem não sabe, ele é a primeira vítima fatal do 08 de Janeiro, o indiciado tinha saúde debilitada, réu primário, com endereço fixo, trabalho comprovado e nenhuma comprovação de sua conduta individualizada com a desordem daquele episódio, inclusive, com um pedido de soltura, de 01 de setembro deste ano, pelo Ministério Público, porém só conseguiu ser transferido da Papuda direto para cemitério, depois de ser “condenado à prisão eterna”. Quanto vale as lágrimas dessas crianças? Quanto vale a vida desse pai de família? Será que vale menos que a vida do então diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog (morto durante um interrogatório em 1975, dentro das instalações do DOI-CODI)? Essa resposta quem deveria saber o preço era o ex-deputado/governador de São Paulo, José Maria Marin, o Zé das Medalhas (ele sabe do que estou falando)! E a vida de Herzog, vale mais do que a de Mário Kozel, o soldado morto pelos guerrilheiros da VAR-Palmares? Acredito que Dilma Rousseff consiga calcular, Ih, rapaz... Volto atrás, esse cálculo não é fácil e na linha de raciocínio dela, nem sei se alguma alma viva conseguisse compreender.

A vida de Mariele Franco, vale mais do que a vida do seu motorista Anderson? Nesse caso, creio ter sanado essa dúvida, baseado nos cargos que Anielle, a irmã da ex-vereadora, recebeu, inclusive, um desses cargos é de Ministra de Estado, mas, infelizmente, cargo algum trará a vida de Anderson e Mariele Franco, de volta.

Qual vida vale mais? a de um assassino que é defendido pelos profissionais dos Direitos Humanos, com cobertura total da imprensa, ou a vida de um bom policial, que volta para casa numa urna funerária? Muitas vezes o primeiro perde a vida por praticar o crime e, o segundo, por lutar contra ele.

Quanto vale a vida de um suicida? Pelo que vimos na última semana, para algumas  revistas de fofocas, e alguns fofoqueiros, muito pouco! Depois das “cusparadas levianas”, em um lado da face, que a jovem depressiva, Jessica Canedo, recebeu da revista CHOQUEI e de algumas “aves de rapinas, das redes sociais”, ela deu a outra face a um revólver. Imagino a dor da mãe, que tanto pediu para pararem com tantas pedras atiradas... Hoje, dona Inês deve estar pensando: “Agora é tarde, Jessica é morta”.

Ticiano Dantas Félix - Foto divulgação Freepik

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