Dois homens foram mortos a tiros na madrugada desta sexta-feira (29), no bairro de Nova Brasília, em Salvador. Segundo a Polícia Militar (PM), eles foram baleados em confronto com forças de segurança durante a "Operação Alvorada".
Conforme a PM, equipes da 50ª Companhia Independente(CIPM/Sete de Abril) faziam a operação, por volta das 4h45, quando trocaram tiros com mais de 15 homens armados.
Após o confronto, os agentes fizeram uma ronda na região e encontraram feridos os dois homens, que não tiveram as identidades reveladas. Eles foram levados para o Hospital Eládio Lassére, no bairro de Águas Claras, mas não resistiram.
De acordo com a PM, com a dupla, foram apreendidos um revólver calibre 38 com quatro munições deflagradas e uma intacta, uma pistola 9mm e uma mochila com porções de cocaína, maconha e uma balança de precisão. O material foi apresentado na delegacia que atende à região, onde o confronto foi registrado.
A Bahia registrou ao menos 63 mortes durante confrontos com a polícia neste mês setembro – 60 delas de suspeitos de envolvimentos com crimes, uma de um policial federal, o agente Lucas Caribé, e dois policiais militares.
A maioria das mortes ocorreram durante operações policiais nos bairros periféricos da capital baiana Veja, abaixo, a cronologia:
6 de setembro: sete homens mortos em uma operação policial em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia;
6 de setembro: o último foragido suspeito de matar 10 pessoas em uma chacina em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi morto em troca de tiros em Dias D'Ávila, também na RMS;
3 a 7 de setembro: 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram mortos em troca de tiros com a polícia Militar nos bairros de Alto das Pombas e Calabar, que são vizinhos. Durante os dias de operações, mais de 15 moradores dos bairros foram feitos reféns por suspeitos;
10 de setembro: 2 pessoas foram mortas no Engenho Velho da Federação, bairro que fica próximo ao Alto das Pombas e Calabar;
15 de setembro: 4 suspeitos e um policial federal foram mortos no bairro de Valéria, durante uma operação da Polícia Civil em conjunto com a Polícia Federal;
16 a 21 de setembro: 10 suspeitos de envolvimento na ação que resultou na morte do policial federal foram mortos em Salvador e cidades da região metropolitana;
22 de setembro: 5 suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos em Águas Claras, bairro de Salvador, e 1 foi morto em Feira de Santana, cidade a 100 km da capital baiana;
23 de setembro: 5 suspeitos mortos após dois confrontos com policiais militares na cidade de Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador;
26 de setembro: 5 suspeitos mortos e dois feridos após troca de tiros com policiais militares em Acajutiba, a 185 km da capital baiana;
27 de setembro: dois homens morreram após confrontos com policiais civis na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador;
27 de setembro: dois homens morreram em confronto com policiais na cidade de Cruz das Almas, no recôncavo da Bahia;
27 de setembro: dois policiais militares e dois homens morreram após dois confrontos no bairro do IAPI, em Salvador;
28 de setembro: dois homens morreram em confronto com policiais militares na cidade de Ibirataia, no sul da Bahia;
29 de setembro: dois homens morreram após confronto com policiais militares durante uma operação no bairro de Nova Brasília, em Salvador;
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, afirmou que a guerra entre facções é a principal causa da violência no estado e afirmou que todos os recursos estaduais e federais estão disponíveis para acabar com o crime organizado.
No mês de agosto, um acordo entre a SSP-BA e a Polícia Federal (PF) foi assinado, com o objetivo de reforçar o combate a grupos criminosos. O prazo de vigência do pacto é de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período. Cerca de 400 homens integram essa força-tarefa no estado, que recebeu, há uma semana, três viaturas blindadas da PF para atuar nas operações.
O advogado Luiz Henrique Requião, especialista em ciências criminais e presidente do Tribunal do Júri baiano da Associação Nacional da Advocacia Criminal (ANACRIM/BA), afirma que as facções criminosas em Salvador e em cidades do interior da Bahia sempre existiram, mas passaram a ganhar força e se enfrentar após se juntarem com grandes grupos criminosos de fora do estado.
Apesar da escalada da violência no estado, o número de fuzis apreendidos até setembro deste ano mais que dobrou em relação a 2022. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), até segunda-feira (25), 48 armas deste tipo foram apreendidas. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram apreendidos 22 fuzis.
Apesar do número alto de mortes em setembro, a realidade da insegurança não é novidade na Bahia. Em 2022, o estado liderou o ranking de mortes violentas no país, com quase 7 mil assassinatos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 50 casos a cada 100 mil habitantes.
Ainda segundo o Fórum, 1.464 dessas mortes aconteceram em confrontos policiais – uma média de 122 por mês. O estado da Bahia também foi o que mais matou pessoas em intervenções policiais no ano passado, seja de agentes em serviço ou fora dele. Esse número saltou de 1.335 em 2021, para 1.464 mortes em 2022. O órgão não dispõe de dados referentes ao ano de 2023.
Embora não tenha detalhado números, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou, em nota que, de janeiro a agosto deste ano, as intervenções policiais com resultado morte apresentaram redução de 4,3%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
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