Associação Cultural dos Irmãos Aniceto-CIA é fundada no Crato Ceará

17 de Apr / 2023 às 08h30 | Variadas

Alysson Paiva tomou posse neste final de semana, para exercer a função de presidente da Associação Cultural dos Irmãos Aniceto-CIA. A solenidade de posse aconteceu na Câmara de Vereadores do Crato Ceará. O radialista e historiador Huberto Cabral prestigiou o evento.

A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto do Crato, Ceará tem no tempo uma vereda de espinho e esperança, brilho das estrelas que não mudam de lugar, a peleja entre a fome e a fartura. A Banda de Pífanos dos Irmãos Aniceto possui mais de 208 anos de Fundação.

"Estamos esperançosos por dias melhores na cultura deste país, e em especial a cultura do Cariri", disse Alysson Paiva..

Em 2015 a Banda perdeu o mais antigo dos integrantes, Antonio Aniceto, o responsável por abrir o caminho para os mais novos. A Banda já está na terceira geração, com os filhos de Adriano, Cícero e Jeová, filhos de Antônio e João, netos de José Aniceto e ousam em desafiar a "industria capitalista avassaladora". Valorizam a história e a tradição. 

A história conta que tudo começou com o índio kariri José Lourenço da Silva, que com suas cabaças resolveu criar um grupo musical surgida em 1815. Toda a família se envolveu no trabalho, e a tradição foi passada por três gerações.

Os irmãos Aniceto lançaram três discos: o primeiro em 1978, patrocinado pelo Ministério da Educação e Cultura; o segundo em 1999, produzido pela Cariri Discos em parceria com a Equatorial Produções; e o último em 2004, intitulado “Forró no Cariri”. Também lançaram um DVD, gravado em 2008, no Theatro José de Alencar, registrando a histórica apresentação da Banda Cabaçal em conjunto com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho.

O nome da banda vem do tempo de José Lourenço, o Aniceto. Na época, a zabumba era feita da cabaça da roça. A terra natal dos Irmãos Aniceto é o Crato, mas a cultura da família já é conhecida em todo o Brasil e até na Europa. O grupo resiste...

A professora Elídia Clara Aguiar Veríssimo, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), que em 2002 defendeu tese de mestrado sobre o som produzido pelo quinteto explica que os componentes da Banda se diferenciam das demais bandas cabaçais do Cariri pela temática de suas músicas. Usam os sons e o comportamento observado na natureza.

"Aí nascem os baiões e forrós que ninguém mais produz, trazendo o cotidiano da roça para o palco”, avaliou Elídia. Também fazem parte do repertório situações vividas por alguns integrantes. É o caso da música da Luta do Severino Brabo. Mestre Raimundo (Já falecido) contava que esse personagem realmente existiu e fez parte de sua infância. O tal homem assustava a todos andando com dois facões na cintura e tentando arrumar briga por onde passava.

A pesquisa de Elídia também mostra que, apesar de não possuírem formação acadêmica em música, os Aniceto têm ouvido para sons que músicos profissionais não têm. O mesmo ocorre com a habilidade em tocar seus instrumentos musicais.

O escritor Ronaldo Correia de Brito, expressa que "Feliz do povo que se reconhece nos seus músicos e poetas. O artista ideal será capaz de incorporar a grandeza, estranheza e diversidade de seu lugar, de sua gente e da natureza que o cerca. A sonoridade dos Irmãos Aniceto parece com o vento na floresta do Araripe e o azougue dos relhos dos caretas. Basta escutá-los e sentir".

Redação redegn Foto redes sociais

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