Artigo - Um cantinho de República, a República dos humildes

15 de Nov / 2022 às 23h00 | Espaço do Leitor

Aqueles que me conhecem mais de perto, sabem que de uns tempos para cá, fiz uma opção pela prática da natação e escolhi o Rio São Francisco como o meu espaço privilegiado para tal fim e com ele tenho me relacionado de maneira mais constante.

Pois bem, o Velho Chico como cenário biológico e relicário, acolhe dentro e em torno de si,  diferentes cenários sociais: banhistas com suas peles morenas, negras e brancas; barcos motorizados pilotados por pessoas com um certo poder aquisitivo, mas, também tem os barcos simples conduzidos por pescadores e por nativos, além daqueles que preferem o caiaque como prática esportiva.

Existem ainda os pescadores de beirada que se utilizam apenas do anzol para contemplar o que de melhor o Velho Chico pode lhe oferecer. 

Mas, e a REPÚBLICA? Ah ! A República. Pois, é essa REPÚBLICA com seus princípios, símbolos e ordenamentos que me faz debruçar sobre um cantinho que ela deveria se fazer presente e não o faz. Refiro-me aos sem-tetos, pedintes, aos sem escola, aos que vivem às margens do Rio São Francisco e não gozam dos princípios republicanos.

A República que completou 133 anos, tendo sido  inspirada pelo positivismo de Augusto Comte, baseada no binômio  : ordem e progresso. Mas, que progresso é esse em que pessoas humildes se instalam às margens do Rio São Francisco e delimitam um cantinho " para chamar de seu"? Sem telhado, sem parede, sem instalações sanitárias, lhes restando apenas o papelão que  lhe serve de colchão, sob o qual deitam para um sono a espera de um outro dia.

República, entre tantas conceituações,  é um sistema de governo em que o povo é soberano para escolher quem lhe represente. E povo é  um conjunto de pessoas com algumas características e costumes comuns: idioma; cultura; educação e por aí vai.

Mas, em que valores, direitos e políticas públicas, os moradores de rua da beira do Rio São Francisco estão sendo contemplados?

O diálogo não é simples, pois, não se estabelece com um ou outro governante,  é essencialmente entre a República e o povo. Que República? A nossa. Que povo? Todos nós, inclusive, os humildes que esperam um cenário republicano menos hostil do que o que hoje vislumbramos, quem sabe sob a égide dos humildes a Republica lhe sirva.

Tony Martins - Pedagogo e Radialista

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