Cartel do asfalto fraudou R$ 1 bilhão no governo Bolsonaro, aponta TCU

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de fraudes em licitações da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), que somam mais de R$ 1 bilhão no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), e envolve um cartel de empresas de pavimentação.

Segundo levantamento do Folha de S. Paulo, a construtora Engefort foi a principal beneficiada no suposto esquema, vencendo editais com indícios de fraude que somam R$ 892,8 milhões. A empreiteira dominou as licitações da estatal em 2021 utilizando a empresa de fachada Del em parte delas.

A auditoria, que adotou como base um guia de combate a cartéis usado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), encontrou evidências de que as ações do cartel do asfalto envolveram propostas de fachada e combinação de rodízio entre as empresas e apurou que houve expressivo aumento do volume licitado, tanto em lotes como em recursos.

O ministro do TCU, Jorge Oliveira, contrariou o parecer da área técnica do tribunal e não suspendeu o início de novas obras ligadas às licitações sob suspeita. Oliveira chegou ao TCU por indicação de Bolsonaro, de quem é amigo.

A Codevasf, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), já é alvo de investigação da Polícia Federal, que encontrou indícios de corrupção na superintendência do Maranhão, com pagamento de R$ 250 mil a um gerente que foi alvo de operação no mês passado.