Mulheres somam apenas um terço dos candidatos nas eleições de outubro

23 de Aug / 2022 às 08h30 | Variadas

Com 90 anos de voto feminino no Brasil, a participação das mulheres em cargos políticos ainda avança de forma tímida. O país tem progredido no debate em torno dos direitos das mulheres e temas como assédio, violência doméstica, maternidade e carreira têm ganhado espaço no cenário político.

No entanto, embora o número de candidaturas femininas nas eleições de 2022 seja um recorde, elas ainda representam apenas um terço dos postulantes, mesmo sendo maioria do eleitorado. É o que mostra um estudo da consultoria Arko Advice com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a jurista e membro das Comissões de Direito Administrativo e Eleitoral da OAB/DF Marilda de Paula Silveira, a representatividade feminina direta na política continua incongruente, principalmente quando se pensa que as mulheres têm dominado as esferas universitárias. "O reconhecimento constitucional e legal da igualdade entre homens e mulheres não foi suficiente para assegurar que elas ocupassem o mesmo espaço que os homens na representação democrática", afirma Silveira.

Os registros do TSE mostram que, de um total de 28.596 candidatos nas eleições deste ano, 9.558 são mulheres, o que representa apenas 33% do total de políticos na disputa. O número é um novo recorde, considerando que em 2018 eram 9.204 mulheres, ou 32% do total de candidaturas.

Em 2014, eram 8.123 nomes femininos na disputa, 31% do total. Considerando os valores proporcionais, porém, o avanço é muito tímido, com um aumento de apenas um pouco percentual na representatividade, a cada eleição majoritária de 2014 para cá. As mulheres compõem 53% do eleitorado, segundo o TSE.

A cientista política pela Universidade de Brasília (UnB) Camila Santos explica que, como o machismo estrutural ainda domina a sociedade, as mulheres que ingressam na política sofrem por estarem nas sombras de homens, líderes de partidos, maridos ou companheiros de chapa.

"Mas é justamente pelo fato de que os partidos não reconhecem as mulheres como candidatas competitivas. Os líderes não veem motivos para investir nelas. Por isso, na hora do recrutamento partidário, as mulheres têm dificuldade de adentrar esse espaço", esclarece a cientista.

Correio Braziliense

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