Rio São Francisco: poucas ações têm, de fato, surtido efeito no sentido de preservação das espécies peixes, diz professor

26 de Jun / 2022 às 12h00 | Variadas

Considerando a urgência em que o Rio São Francisco vive, quanto à necessidade de ações concretas e amplas de revitalização, a situação, que se agrava ao longo dos anos, influencia diretamente na qualidade de vida de todo um sistema em seu entorno.

Fonte de vida e de renda direta e indireta de mais de 18 milhões de pessoas, o Velho Chico, que já demonstra perdas em seu volume de água com nascentes de rios afluentes sob forte ameaça, também vive problemas com o constante volume de poluentes que recebe, situação que afeta diariamente suas populações, sejam ribeirinhas, sejam os organismos que vivem dentro do rio.

De acordo com o professor da Universidade Federal de Alagoas Emerson Soares, que também integra o Pan São Francisco, grupo de especialistas formado com o objetivo de avaliar o plano de ação das espécies aquáticas ameaçadas do rio São Francisco, poucas ações têm, de fato, surtido efeito no sentido de preservação das espécies.

“É preciso trabalhar com o manejo, variabilidade genética, peixamentos mais controlados, com a proteção das espécies nativas, com a possibilidade das lagoas marginais para essas espécies usarem como área de reprodução. Tudo isso, de alguma forma, tem essa medida de preservação, como o acordo de pesca, ação de fiscalização, de monitoramento e falta muito, ou seja, ainda não temos isso. Inclusive a bacia do São Francisco tem 10 espécies ameaçadas de extinção e outras vulneráveis”, pontuou.

Os peixes são bio indicadores de impacto ambiental, o que significa que, quando o ambiente está com boa qualidade, os peixes conseguem se reproduzir com uma cadeia alimentar controlada e um ambiente bem equilibrado. Quando acontece o contrário, devido ao desequilíbrio, surgem as macrófitas, se proliferam espécies mais rústicas, não nativas ou exóticas em detrimento das espécies nativas da região.

O professor lembra ainda que os impactos são grandes também em espécies que migram com o fim reprodutivo e que foram bastante afetadas. “Diminuiu muito, em número, essas espécies que em sua maioria são nativas e endêmicas da bacia São Francisco. Então, trata-se de um problema de extinção das espécies, o que afeta a produção pesqueira, impactando também a economia da região. Há também problemas com a contaminação, porque com menos água e mais hidrelétricas, barramentos, a gente tem menor circulação de água, menor renovação e mais problemas em relação ao acúmulo de nutrientes, poluentes, pesticidas, fertilizantes, esgotos, e a diminuição da variedade genética”, concluiu.

AÇÃO SALVAMENTO: Formalizando uma ação, que de acordo com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) já era rotina, a Companhia aprovou, junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pela primeira vez, o Programa de Resgate e Salvamento de Ictiofauna para as usinas do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, na Bahia, que realiza a retirada de peixes presos nas turbinas em manutenção para devolução ao ambiente.

Segundo o Diretor de Operações da Chesf, João Henrique Franklin, o Programa de Resgate e Salvamento de Ictiofauna para as Usinas do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso consolida as melhores práticas adotadas pelo setor elétrico nacional na mitigação de impactos à ictiofauna.

“Na Chesf, estas ações já eram adotadas, motivadas pela responsabilidade socioambiental da empresa e compromisso com a Política Ambiental da Eletrobrás. Com a integração ao processo de licenciamento ambiental, na forma de um programa ambiental dedicado e contínuo, o que antes era realizado através de uma política interna, se eleva a uma obrigação legal, consolidando esta diretriz perante os órgãos reguladores/fiscalizadores. Do ponto de vista ambiental, é mais uma garantia de que a operação do empreendimento está focada na minimização de impactos às populações de peixes do São Francisco, de forma que esta preocupação se caracteriza com fator preponderante na tomada de decisão dos procedimentos operacionais, como, por exemplo, a realização de intervenções programadas fora do período de piracema na bacia.”

Ainda segundo a Chesf, com isso a empresa se alinha às práticas de responsabilidade socioambiental, em consonância com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “ODS14 – Vida na Água”, da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, lembra que essa ação funciona também como devolutiva à sociedade e ao meio ambiente. “Esse processo é importante para o meio aquático porque os peixes vêm sofrendo para se reproduzir e isso pode, de algum modo, contribuir com o repovoamento, sendo mais uma ação na busca de garantir o equilíbrio aquático dentro do rio São Francisco”, afirmou o coordenador.

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