Um milhão de famílias do semiárido brasileiro ainda não têm água encanada em casa

11 de May / 2022 às 15h00 | Variadas

No semiárido brasileiro, ONGs estão construindo reservatórios para armazenar água da chuva. A agricultora Cristiane Sabino da Silva vive com um olho no céu e outro na cisterna. Ela não vê a hora de a chuva encher a cisterna.

“Foi uma benção esse presente. Nunca vai faltar água para gente beber, fazer comida. Sempre vou ter o armazenamento da minha água”, diz.

Um milhão de famílias do semiárido brasileiro ainda não têm água encanada em casa. São pessoas pobres que vivem na zona rural dos nove estados nordestinos e no norte de Minas Gerais. O orçamento do principal programa federal de acesso à água vem caindo desde 2013.

No ano passado, o governo construiu 4,3 mil cisternas, número mais baixo desde que o programa começou, em 2003. No auge, em 2014 foram entregues quase 150 mil unidades. As associações de moradores e organizações não governamentais estão dando continuidade ao programa. Os reservatórios captam a água da chuva durante o inverno.

Desperdiçar água numa região que chove pouco é aumentar o sofrimento causado pela seca. Dezesseis mil litros bem guardados são suficientes para atravessar até sete meses de estiagem.

"Além da falta de água, era muito difícil para gente abastecer com o programa Carro-Pipa do governo, que não tinha onde armazenar água. As pessoas não tinham cisternas, não tinha depósitos para colocar esta água e muitas vezes eram armazenadas em baldes, principalmente na época do verão. Isso era muito pior, era um sofrimento imenso para as famílias, pela dificuldade da água, principalmente da água para beber", diz Alexandro Caetano da Silva, presidente da associação de moradores.

O dinheiro vem de doações e a construção de cada cisterna é coordenada pela ASA - Articulação do Semiárido Brasileiro.

"É uma tecnologia de baixíssimo custo. Há o envolvimento da família nisso, e é importante também a qualidade dessa água. Não basta ter acesso a água. É preciso ter acesso a água de qualidade", explica o coordenador da ASA, Ricardo Ramalho.

No terreno do agricultor Cícero Florentino Cavalcante, a água da chuva irriga as plantas e frutos sem agrotóxicos. Tudo graças à cisterna de 52 mil litros. "Armazena até para seis meses, ou mais, e dependendo da pessoa que está usando, consegue passar até mais tempo utilizando essa água da cisterna", diz.

"Muito feliz porque a gente não vai mais ter sofrimento de falta de água, ficar sem água para fazer as coisas", afirma a agricultora Joelma da Silva Lima.

“Tem para lavar roupa, tem para tudo”, conta a agricultora Isabel Eugênia Silva de Lima.

O Ministério da Cidadania não respondeu ao Jornal Nacional sobre o programa Cisternas.
 

G1 Alagoas/Jornal Nacional-Amorim Neto

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