Mulher é a mais prejudicada pela falta de saneamento básico, aponta pesquisa

04 de May / 2022 às 13h30 | Variadas

A falta de saneamento básico tem impactos negativos para toda a sociedade, e o problema, além de ser prejudicial para diversos setores, como a saúde, educação e renda da população, é também um dos fatores que reforçam a desigualdade de gênero no Brasil.

Segundo o estudo feito pelo Instituto Trata Brasil,  mostra que o acesso a água e esgoto tiraria imediatamente 635 mil de mulheres da pobreza, sendo maior parte delas negras e jovens.

Ainda de acordo com o estudo, no Brasil, 27 milhões de mulheres, uma em cada quatro, não têm acesso adequado aos serviços de saneamento básico, o que afeta e muito no dia a dia e na qualidade de vida dessas brasileiras.

Em relação a educação, quando falamos em idade escolar, as meninas sem acesso a banheiro têm desempenho escolar pior, com 46 pontos a menos na média no ENEM quando comparadas à média geral dos estudantes brasileiros.

Entretanto, o que é mais afetado com a falta de acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário pelas mulheres é a saúde. A falta de saneamento básico é uma das principais causas de incidência de doenças por veiculação hídrica nas mulheres. De acordo com o Painel Saneamento Brasil, portal de informações sobre saneamento do Instituto Trata Brasil, 120,4 mil mulheres foram internadas no ano de 2018 por consequência de doenças associadas ao saneamento, cerca de 10 mil casos a mais ao compararmos com os homens.

Dentre as doenças de veiculação hídrica, a diarreia foi a que mais levou as mulheres a se afastarem do trabalho, cerca de 3,5 dias por ano, em média. E meninas de até 14 anos são as maiores vítimas quando falamos em afastamento escolar, com índice de afastamento por diarreia 76% maior que a média em outras idades. Já no caso da mortalidade, o déficit de saneamento é mais perigoso para a mulher idosa, que corresponderam a 73,7% das mortes entre as mulheres sem acesso ao saneamento.

Além disso, se há falta de água em casa ou quando alguém da família adoece em decorrência da falta de saneamento, em geral a rotina das mulheres é mais afetada, o impacto desses problemas no tempo produtivo delas é 10% maior que o dos homens.

O saneamento impacta também na renda das brasileiras, o acesso ao saneamento traria um acréscimo médio de R$ 321,03 ao ano para cada uma dessas mulheres, o que representaria um ganho total à economia do país de mais de R$ 12 bilhões ao ano. De acordo com o estudo, 1,5 milhão de mulheres não tem banheiro em casa e essas brasileiras têm renda 73,5% menor em comparação às trabalhadoras com banheiro em casa.

Para termos uma melhor noção dessa relação quando comparamos aos homens, dados também do Painel Saneamento Brasil mostram que mulheres que apresentam saneamento básico em residência ganham cerca de R$ 800,00 a menos que os homens na mesma condição. Agora, se ambos não apresentarem saneamento básico, essa diferença cai para R$ 70,00 em favor dos homens.

Para concluir, além de ser necessário maiores investimentos no setor de saneamento básico do país visando uma melhora na qualidade de vida da população, precisamos também cobrar os nossos governos por igualdade de gênero em todos os setores do país, situação que assim como o saneamento, deveria ser básica.

Para mais informações sobre saneamento e gênero escute nosso podcast! Em um dos episódios, o Instituto Trata Brasil conversou com Marisa Cesar, CEO do Grupo Mulheres do Brasil. No link abaixo você confere como foi a entrevista, e conhece mais sobre o papel do Grupo Mulheres do Brasil para fomentar a discussão do saneamento no país e como a falta desses serviços afeta a vida da mulher no Brasil.
 

Ascom Trata Brasil Foto Agencia Brasil

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