Artigo - O ontem, o hoje e o amanhã

21 de Feb / 2022 às 23h00 | Espaço do Leitor

Em um sistema de convivência respaldado na velocidade estrondosa da Rede Mundial de Computadores tem forte relevância para o progresso da humanidade, entretanto não podemos esquecer que muita gente se encontra perturbada por não ter mais paciência de esperar cinco segundos numa transmissão online.

A consequência dessa falta de paciência tem gerado grandes dificuldades nas relações das pessoas. Isso compreende um importante desafio a ser resolvido por todos nós.

Com a correria do dia a dia, às vezes, nem percebemos que estamos sendo influenciados por pessoas ou mesmo por circunstâncias instaladas a nossa volta. Não vivemos apenas daquilo que comemos. Vivemos também daquilo que assimilamos nos ambientes onde interagimos. O resultado dessa dieta alimentar vai depender dos nutrientes absorvidos pelas pessoas.

Sem querer ser o dono da verdade absoluta vale considerar que diante do balanço que o mundo vem mostrando, nesses últimos anos, muitas pessoas têm perdido as forças para lutar e seguir em frente. Isso tem causado profunda ansiedade à sociedade desse século. A palavra ansiedade vem do latim apertar, sufocar e está ligada intimamente a uma passagem estreita e dolorosa para alguma coisa que está no futuro e não nos sentimos preparados para tal.

Entendemos que os desafios da vida nos surpreendem a cada momento. O medo é o primeiro obstáculo que nos embriaga e tira o âmago da existência. Desta forma, será que o medo é sempre negativo? Não. O medo é, também, um alerta biológico. A parte mais complexa dessa neurose é quando o medo se torna companheiro da ansiedade. Isso é mais pânico do que propriamente medo. Pânico é o medo de ter medo. O medo não é para nos deter. Muitos dos que venceram o medo caminharam, conscientemente, em direção a ele.

Aos que declaram não ter medo de nada aqui está o meu respeito. Mas considero que onde houver um ser humano com algum grau de consciência haverá o medo natural. Por esse motivo é sugerível que busquemos viver ao lado do medo de forma sadia e não doentia. Estritamente expresso, você já parou para pensar o real motivo da maioria dos medos que aparecem em nossas vidas? Quais são os medos da sua história? Eles são reais ou fantasiosos?  

A exacerbada expectativa alimentada com a ansiedade causa grandes frustrações. Vivemos numa cultura da ansiedade institucionalizada. A cultura da ansiedade valoriza o stress. A cobrança por resultados quantitativos em detrimento dos qualitativos, nos diversos segmentos da sociedade, tem culminado em pressões psicológicas e vazio existencial. Perante essa exposição, não custa dizer que, a ansiedade é capaz de tirar a nossa lucidez e ser responsável por inúmeras mazelas ao longo da história da humanidade.

A ansiedade tira a visão ampla do ser humano diante do caminho a ser trilhado. Ademais, os que caminham por essa estrada, quando são acometidos pela ansiedade negativa perdem a oportunidade de aprender e admirar os belos lugares do caminho. Isso digo, porque o importante da viagem não é somente o ponto final e sim, também, as vivências nas veredas. Geralmente costumamos projetar muitas expectativas e acabamos tomando decisões precipitadas. Lembre-se de que essa aflição ansiosa vê o que nós projetamos nas coisas.

No tocante a isso, meus amigos, é fundamental dizer que você não precisa sofrer por antecipação. Não se leve a mal. Seja seu melhor amigo e cuidado com os pensamentos. A eficiência não é sinônimo de estresse. A sua virtuosidade não depende diretamente da dor alheia e nem da sua. O respeito ao outro é primordial para uma convivência saudável e sustentável. Desta forma, é salutar expressar que uma equipe com um chefe estressado pode resultar numa turma ineficiente fadada ao fracasso. 

Além disso, é importante frisar que a ansiedade costuma ter dificuldade de relacionamento com os erros e fracassos. Tão pesado é aceitar a ideia do fracasso, mas isso faz parte do processo evolutivo dos seres humanos. O desafio é vencer o complexo de inferioridade e conhecer mais profundamente a essência do ser. Quem lembra dessa frase? "Dá certo com todo mundo menos para mim". Isso não é verdade. Todo mundo tem o seu momento. Lembre-se que a esperança demanda vontade e criatividade.

A vida é um trabalho e quem trabalha conscientemente, independente, dos frutos produzidos sabe que o conhecimento conquistado durante o labor também vale à pena. A experiência do dia a dia é capaz de elucidar onde estamos verdadeiramente e mais cautela no que diz respeito ao desejo de posse insaciável de coisas e pessoas.

No momento de sofrimento, da humanidade, fica difícil aceitar os desafios. Mesmo assim, vale considerar que nada acontece por acaso. Para fortalecer essa ideia Marco Aurélio disse que "nada acontece ao homem que não seja próprio do homem". Bem sabemos que o caminho da verdade é estritamente apertado, porém não se preocupe que vamos chegar ao ponto destinado.

A preocupação exacerbada com o futuro tem tirado a paz de muita gente. Isso também acontece por um posicionamento egoísta dos indivíduos. Em quem a arrogância se confia? Nela mesma? Meus amigos, o ódio é uma chaga eternamente dolorosa. Receba o bálsamo suave do conforto do amor e nunca pense estar sozinho nesta breve jornada.

Ninguém te ama? Será? Confie em você! Há alguém que torce pelo seu bem-estar mesmo você não enxergando. A sua existência é prova da bondade invisível. Vamos ter calma meus amigos, porque o balanço é grande. Lembre-se que estamos aprendendo juntos e no tempo da sabedoria aprendemos coisas novas sempre. Não tenho a verdade absoluta, mas almejo o seu bem. Com esse aprendizado percebemos que uma amizade meramente interesseira é um relacionamento fadado ao fracasso acompanhado por enormes decepções. Dito isso, é notória a relevância da verdadeira amizade para o progresso dos humanos. Pensando nisso, Sêneca se expressa que "amizade não se fundamenta em carência, mas em abundância". 

Existe um pacto silencioso dentro da verdadeira amizade que é a possibilidade de crescimento em conjunto. Amizade é uma coisa nobre. Com o propósito de contribuir Aristóteles disse que "a amizade é um coração que habita em duas almas". Como forma de discernimento, entre quem é amigo ou não, é sugerível classificar o amigo do bajulador. Para fundamentar essa ideia Plutarco esclarece que "o bajulador é como um carrapato grudado à orelha de quem ama a glória". 

Portanto, quem tem um amigo tem um tesouro e nunca está só. A solidão e o isolamento são coisas distintas. Solidão é uma coisa sadia e, absolutamente, necessária. O isolamento não nos faz bem. Ele é responsável pela falta de diálogo interno do ser. Ao mencionar isso, lembrei-me do que disse o escritor irlandês George Bernard Shaw: “a vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos”.

Josiel Bezerra - Professor de Biologia - Mestrando UPE (Universidade de Pernambuco) - Ciência e Tecnologia Ambiental.

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