Pescadores festejam cheia do rio São Francisco: "Sempre rezei para que este dia acontecesse. Água com fartura"

14 de Jan / 2022 às 07h00 | Variadas

Arthur Lopes Filho, escreveu que aqueles que tem o privilégio de nascer em cidades banhadas por um rio de altivo porte carregam um diferencial de alegria de vida e de respeito pelas águas.

Mas aqueles que vivem e trabalham no Rio São Francisco, carregam a alegria de saber que todos sempre espiam a curva do rio esperando a esperança sem perder a coragem. A coragem de ter sempre renovada esperança de que o rio ficará cada dia mais belo.

Essa esperança se torna real neste início de 2022, quando o Rio São Francisco, um dos mais importantes do Brasil, registra a maior cheia dos últimos 14 anos. A situação preocupa principalmente as comunidades ribeirinhas. Mas é também e principalmente motivo de alegria.

Em Juazeiro e Petrolina, rio São Francisco, Opará Rio que é Mar, voltou a dar alegria aos ribeirinhos, que vivem da pesca. Depois de mais de uma década de seca, as águas do Velho Chico voltam a trazer prosperidade para quem tira dele o seu sustento. E tudo isso graças as chuvas que caíram e que encheram os principais reservatórios do Brasil, e a barragem de Sobradinho.

O pescador Domingos Márcio Matos, conhecido por Nem da Colônia nasceu em Juazeiro, Bahia é um dos fundadores da colônia, ex delegado da Bacia do Rio São Francisco. Aos 61 anos disse que a comunidade sempre reza para que tenha chuvas na região. E foram as chuvas dos últimos dias as responsáveis pelo aumento no nível das águas.

"Vivo nas margens do Rio São Francisco. São mais de 15 anos sem uma cheia.  A chuva é benção de Deus, Divino Criador. Há décadas assistiamos o Velho Chico doente, agonizando. Agora ele vai ter um período de muita água. Isto representa fartura de trabalho para o pescador e agricultor", disse, lamentando que em alguns lugares, a exemplo do Angari, o homem construiu na calha do rio, e ele agora que o caminho livre para o seu curso natural.

Domingos Rodrigues de Sousa Filho, também conhecido por Dominguinhos da Colônia é o atual presidente da Colônia de Pescadores Zona 60 Juazeiro Bahia.  Ele avalia que o momento é de festejar. "O nível da água subiu mais e vai favorecer muito a desova dos peixes e o repovoamento. Isto é bom para os pescadores", ressaltando que pelo outro lado a colônia se dispõe a "garantir o galpão para aqueles que porventura precisarem deixar a casa neste período"

Depois de 12 anos, as regiões do Submédio e do Baixo São Francisco terão vazões em patamares elevados. A vazão está subindo gradualmente desde o dia 12 de janeiro e vai alcançar 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) no próximo dia 24. 
 
Ao longo dos anos, a Chesf mapeou pontos mais sensíveis à elevação de vazão em decorrência de ocupações irregulares na calha do Rio São Francisco. A Companhia já está em contato com prefeituras e defesas civis oferecendo todas as informações disponíveis.

Como os últimos 10 anos foram de estiagem no Velho Chico, a Chesf avalia que, atualmente, mais localidades devem apresentar pontos sensíveis a vazões da ordem de 2.500 a 4.000 m³/s, sendo fundamental a avaliação das prefeituras e defesas civis.

Trecho entre as usinas de Sobradinho e Luiz Gonzaga (Submédio São Francisco) Pernambuco Petrolina: possui áreas sujeitas à inundação com vazões a partir de 4.000 m³/s. As ilhas situadas a jusante de USB começam a ser inundadas com vazões acima de 3.000 m³/s. Destaque para o Balneário da Ilha do Rodeadouro, famoso ponto turístico da região, que começa a sofrer inundação com vazões da ordem de 3.000 m³/s;

Santa Maria da Boa Vista: Balneário da Ilha da Coroa sofre inundação com vazões acima de 3.500 m³/s. Olarias a montante do centro de Santa Maria, sofrem inundações com vazões de 4.000 m³/s;

Bahia

Juazeiro: possui áreas sujeitas à inundação com vazões a partir de 4.000 m³/s. Destaque para o bairro do Angari, situado abaixo do
dique de proteção, sujeito à inundações com vazões a partir de 3.000 m³/s;

Abaré: Captação construída abaixo do nível da cidade e sujeita a inundação com a ocorrência de vazões superiores a 4.000 m³/s;
Trecho Usina de Xingó até a Foz (Baixo São Francisco).

Alagoas

Piranhas: Bares construídos dentro da calha do rio sofrem inundação com 2.500 m³/s;
Pão de Açúcar: Balneários sofrem inundação a partir de 3.000 m³/s;
Belo Monte: Balneários sofrem inundação a partir de 4.000 m³/s;
Traipu: Prainha inunda com vazões de 3.500 m³/s;
São Brás: Vazões acima de 4.000 m³/s causam inundações em construções próximas a calha do rio.

Sergipe

Canindé do São Francisco: Orla sofre inundações com vazões a partir de 3.000 m³/s;
Amparo do São Francisco: Balneários sofrem inundações com vazões a partir de 3.000 m³/s;
Porto de Folha: Povoados próximos a calha do rio sofrem inundação com vazões a partir de 3.000 m³/s;
Gararu: Balneários sofrem inundação com vazões a partir de 3.000 m³/s;
Telha: Balneário apresenta inundação com vazões superiores a 2.500 m³/s;
Propriá: Balneário apresenta inundação com vazões superiores a 3.500 m³/s;
Santana do São Francisco: Balneário apresenta inundação com vazões superiores a 2.500 m³/s.

Redação redeGN Texto e Fotos Ney Vital

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