Bolsonaro chama carta de presidente da Anvisa de “agressiva”

11 de Jan / 2022 às 07h30 | Variadas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou de “agressiva” a carta do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, após as críticas que Bolsonaro fez à vacinação de crianças e ao órgão que aprovou o imunizante. A reação à carta de Barra Torres foi ontem segunda-feira (10).

Durante a fala da semana passada contra a Anvisa, após o Ministério da Saúde divulgar o cronograma de imunização infantil contra a Covid-19, Bolsonaro acusou técnicos da Anvisa de terem “interesse” por trás da imunização.

Na sábado (8), Antônio Barra Torres, emitiu uma nota rebatendo o presidente que tem fido forte atuação contra a campanha de vacinação da Covid-19 e exigiu uma retratação.

Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro disse que se surpreendeu com a reação do diretor-presidente da Anvisa.

“Eu me surpreendi com a carta dele, agressiva, não tinha motivo para aquilo. Eu perguntei o que estava por trás do que a Anvisa está fazendo. Ninguém acusou ninguém. Eu que indiquei o almirante Barra Torres para a Anvisa, a indicação é minha”, disse Bolsonaro a jornalistas da Jovem Pan.

Entretanto, o presidente voltou a questionar as mortes de crianças por Covid-19.

“Eu já perguntei para ele [Barra Torres] quantas crianças morreram durante a pandemia. No sul, durante o ano de 2021, não morreu nenhuma criança de 5 a 9 anos. Então, eu perguntei o porquê de liberar essas vacinas, sendo que constava tanto na bula da Anvisa quanto da Pfizer os efeitos colaterais.”

Ainda na entrevista, Bolsonaro deu a entender que se arrependeu de ter indicado Barra Torres para a direção da Anvisa.

“Todos os últimos mandatos, de Dilma e Temer, indicaram ministros ao Supremo. Você pode associar os ministros a quem os indicou, deve. O candidato deve ter alguma convivência, afinidade comigo. Veja o Barra Torres, o indiquei sem que tivesse muita convivência com ele. Se tivesse mais afinidade, provavelmente não o teria indicado. Mas se tivesse que nomear, agora, já teria, sim, dois nomes para disparar.”

Retratação: Na noda divulgada no sábado, Antônio Barra Torres pediu que Bolsonaro se retratasse, após ter afirmado que devia ter algo “por trás” da liberação das vacinas infantis.

“E você vai vacinar seu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que é que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas ‘taradas por vacina’? É pela sua vida? É pela sua saúde? Se fosse estariam preocupados com outras doenças do Brasil, que não estão”, disparou Bolsonaro.

Na nota rebatendo o presidente, Barra Torres afirmou que nunca cometeu corrupção. “Vou morrer sem conhecer riqueza, senhor presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.”

E desafiou Bolsonaro a determinar a abertura de investigação caso saiba de indícios de irregularidades na agência.

“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa, aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, afirmou.

Ao final da nota, Antônio Barra Torres pediu que Bolsonaro que se retrate caso não apresente provas de irregularidade na Anvisa.

“Agora, se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate. Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário”.

Joven Pan

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.