Olimpíada de Língua Portuguesa reconhece o trabalho de professores e estudantes de escolas públicas

24 de Dec / 2021 às 12h00 | Variadas

2021 está terminando com o reconhecimento do talento e do esforço de estudantes e de professores de 20 escolas públicas brasileira.

Com palavras se conta a história do que passou. "É uma cultura que vem passando de geração à geração", afirma uma professora. E também é com palavras que o futuro será escrito. "Tenha visão. Racismo fere. Sou Brasil misturado", diz uma estudante.

Nesse país misturado, a língua portuguesa é nossa identidade comum. Construída dia a dia; palavra por palavra; sobretudo nos bancos das escolas. Dominar o idioma, a escrita e a leitura, é uma tarefa olímpica. E tem até competição que premia quem se sai melhor nesse processo.


A Olimpíada de Língua Portuguesa reconhece o trabalho de professores e estudantes de escolas públicas do Brasil inteiro, do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. O concurso pede um olhar para o lugar onde se vive.

Em Planaltina, Distrito Federal, está a turma do 5º ano da professora Mayara. O que os alunos enxergaram foi o preconceito.

“O lugar onde a gente vive não tem só coisas boas, não é só um mar de flores. E eles começaram a identificar que esses problemas também estavam ali em nossa comunidade”, destaca Mayara Silva, professora.
Nem a professora escapou do olhar atento dos alunos.

“Eu usava o cabelo alisado e tudo e eles me perguntavam: ‘Professora, como que é esse cabelo?'. Naquele momento eu cortei o cabelo, tive coragem de me assumir, e nós gravamos o curta-metragem a partir da poesia de uma aluna. Foi incrível”, conta a professora.

E os alunos ganharam, no gênero poema. “Sou Brasil misturado com raiz africana. Sou negro rejeitado. Pela cor, vou em cana", diz um trecho da poesia.

Em União dos Palmares, Alagoas, o trabalho do professor Gilmar Oliveira Silva ao longo do ano inteiro também foi reconhecido. Ele criou podcasts, lives, discussões nas redes sociais e até na feira, ultrapassando barreiras no ensino remoto.

“Foi um norte para o meu trabalho pedagógico. Primeiro, porque eu estava perdido. Eu não sabia como que eu ia trabalhar mais um ano letivo de forma remota”, destaca o professor. Com a ajuda de um intérprete de libras, a Cecília, que tem uma deficiência auditiva, conta que escreveu sobre as mulheres que, na pandemia, fizeram da produção de máscaras um ganha pão: “Desenvolvi o tema e consegui fazer, foi bom. Com muito trabalho, mas deu certo”.

Ao lado do professor, o estudante José Raí da Silva fala que a inspiração do texto dele veio do sentimento de liberdade: “Aqui é um costume muito grande de ter morte de animais ilegais. Aí optei por falar dessa parte da liberdade dos animais, e foi isso”.

Tudo para que os alunos do último ano do ensino médio concorressem na categoria "Artigo de Opinião", que é uma espécie de "esquenta" para a redação do Enem. Quanto mais envolvida a escola na Olimpíada de Português, maiores as chances de vitória.

“O importante aqui é pensar que a escola está sendo envolvida num trabalho de língua que é a base de todo o conhecimento da escola. Outros professores se envolvem também nesse processo”, afirma Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

Um processo em que todos ensinam e aprendem.

“Essa experiência me proporcionou uma oportunidade de aprender e me reinventar”, diz Mayara.

“Eu me sinto hoje uma pessoa mais capaz. Sou um outro ser humano, não só um outro profissional”, comenta Gilmar.

Entre os prêmios, os vencedores da olimpíada ganharam notebooks, tablets e livros para as bibliotecas das escolas.

Jornal Nacional/TV Globo

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