CASO BEATRIZ ANGÉLICA: Secretário de Defesa Social comenta investigação sobre morte da menina Beatriz

21 de Dec / 2021 às 14h43 | Policial

Seis anos após a morte de Beatriz Angélica, o caso segue sem resolução. A vítima foi encontrada com 42 marcas de facadas em um colégio particular de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, aos sete anos de idade. Sua mãe traça uma caminhada de mais de 700 km, de Petrolina ao Recife, em busca de respostas.

Era esperado que houvesse, na manhã desta terça-feira (21), um encontro entre Lúcia Mota, a mãe, e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. A reunião não ocorreu pela inconclusão da caminhada, e o não dado pela família que atualmente está passando pelo município de Belo Jardim, no Agreste. 

Uma das principais motivações do compromisso é o desejo da família de Beatriz pela cooperação de uma empresa norte-americana na investigação do caso e na federalização do inquérito. Porém o secretário da Defesa Social, Humberto Freire, afirmou que não é possível aderir às exigências.

“As duas propostas não podem ser aceitas. Não nos cabe opinar sobre a federalização do caso, então não temos ou podemos opinar sobre isso. Já quanto à colaboração de um ente privado americano em uma investigação policial, não há respaldo na lei processual brasileira. Não podemos dar esse acesso a uma entidade privada”, explicou. 

Suspeitos: Já sobre a busca por suspeitos do crime, o secretário evitou entrar em detalhes.“A polícia não investiga pessoas, ela investiga fatos. Nesse contexto, onde um trabalho foi desenvolvido, surgiram possíveis suspeitos e todas essas linhas foram amplamente e exaustivamente exploradas. Temos ainda esses suspeitos nos autos e prosseguimos tentando coletar elementos suficientes que permitam indiciamento. Mas não vamos desistir desse caso e estamos não só abertos a novas informações que possam nos ajudar a avançar, mas também as buscando”, garantiu. 

MAIS DETALHES: Perito criminal Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa vendeu plano de segurança privada para escola particular em que ocorreu o crime, segundo SDS, que pediu demissão do servidor.

"[Ele] comprometeu a função policial e, assim, seguindo inclusive uma linha de outros agentes públicos que prestem serviço privado de forma ilegal, o posicionamento foi pela demissão". A fala é do secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, sobre a exoneração do perito criminal Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa, que atuou no Caso Beatriz, menina morta com 42 facadas em 2015.

No dia 5 de dezembro, os pais de Beatriz, Lucinha Mota e Sandro Romilton, começaram uma caminhada de Petrolina, cidade em que ocorreu o crime, no Sertão, para o Recife, para pedir providências sobre o caso. São mais de 700 quilômetros.

Nesta terça (21), o governo do estado informou que o governador Paulo Câmara (PSB) iria receber a família da menina junto com o secretário de Defesa Social e com o chefe de Polícia Civil, Nehemias Falcão.

A família recusou o transporte para não esvaziar o propósito da caminhada.

Por causa disso, a SDS fez uma coletiva de imprensa, que contou, ainda, com a presença do corregedor-geral da secretaria, Paulo Loyo. De acordo com o secretário Humberto Freire, a SDS pediu a demissão do perito criminal ao governo do estado. Agora, cabe ao governador Paulo Câmara concretizar a exoneração.

"Ficou comprovado que um agente público de fato trabalhou de forma privada, o que a legislação proíbe, vendeu consultoria ao colégio, presidiu uma cooperativa de peritos criminais. Tudo isso comprovou que comprometeu a função policial", declarou o secretário.

Nos autos do processo foram incluídas informações, inclusive, sobre imagens de drone e outros materiais feitos pelo perito para a venda de um plano de segurança para a escola onde a menina foi assassinada. Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa atuou como perito revisor no caso.

O secretário afirmou, ainda, que houve um erro no manuseio de imagens anexas ao processo, mas que esse material foi recuperado ao longo das perícias. Freire disse que essa sucessão de erros nas investigações não comprometeu a apuração, que já dura seis anos, sem respostas sobre a autoria do crime.

"Temos laudo atestando que houve realmente um erro de manipulação, mas que todo o conteúdo daqueles equipamentos foi recuperado 100% e todas as imagens foram analisadas. Temos 900 horas analisadas em busca desse suspeito e da identificação dessa pessoa", disse Humberto Freire.

Oito delegados já passaram pelo inquérito do Caso Beatriz. Atualmente, uma força-tarefa atua no caso, composta por quatro delegados.

"Ao longo da investigação, tivemos oito delegados à frente dessa investigação, com experiência e credibilidade reconhecida ao longo do tempo. Temos duas delegadas e dois delegados e com credibilidade. Nenhum desses profissionais apontou qualquer trabalho ou infração para prejudicar a investigação de qualquer agente", explicou.

O processo de apuração da conduta do perito começou em maio de 2020 e foi encerrado mais de um ano depois. O corregedor da SDS, Paulo Loyo, afirmou que, durante o período, todos os processos burocráticos foram cumpridos.

"Houve toda a observância ao contraditório, à ampla defesa, as informações tiveram o devido tratamento e, ao cabo [do processo], compreendeu-se que houve quebra de exclusividade e houve o opinativo pela demissão", afirmou o corregedor.

O  perito afirmou que a defesa deve se manifestar depois que tiver acesso ao processo.

Redação redeGN com informações Folha PE E g1 Foto Ilustrativa

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