Bolsonaro pediu que Enem trocasse Golpe de 1964 por revolução em questões, dizem servidores

19 de Nov / 2021 às 16h00 | Política

Às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foi revelado por ex-servidores do Inep que o governo Bolsonaro tentou fazer alterações na prova. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, entre elas estava a troca do termo “Golpe Militar de 1964” por “revolução”.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nunca escondeu o apoio ao golpe de 1964. Para deixar o Enem “com a cara do governo”, como disse o presidente durante viagem ao Oriente Médio, ele havia pedido ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, para que o termo fosse substituído.

De acordo com a Folha, Milton Ribeiro chegou a levar a demanda de Bolsonaro para o ministério e também para o Inep, responsável por elaborar a prova. O pedido, no entanto, não foi levado adiante e a alteração não aconteceu, devido aos processos burocráticos de elaboração da prova.

Crise no Enem

A prova do Enem acontece nos próximos dias 21 e 28 de novembro. Poucos dias antes, foi revelado por ex-servidores do Inep que o eles estavam sendo pressionados para mudarem questões da prova. Mais de 30 funcionários do órgão renunciaram aos postos, alegando tentativas de intervenção.

O governo do presidente Jair Bolsonaro teria escolhido 24 questões para serem retiradas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), após uma avaliação feita pelo diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O Enem, principal porta de entrada nas universidades federais, tem um equilíbrio entre questões consideradas fáceis, médias e difíceis. Com a retirada das 24 questões, a prova ficou “descalibrada” e, por isso, 13 perguntas tiveram de ser reinseridas no exame.

Segundo o jornal, o Inep tomou a decisão de imprimir a prova antes da aplicação para que mais pessoas pudessem ver o conteúdo das perguntas. Quando Anderson Oliveira avaliou a prova – uma “leitura críticas” – considerou que as 24 questões eram “sensíveis” e optou por tira-las.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o órgão responsável pelo Enem e enfrenta uma crise. Mais de 30 funcionários pediram exoneração e, em reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, relataram casos de assédio moral e pressão. Na ocasião, ex-funcionários já haviam relatado que Anderson Oliveira pediu que mais de 20 questões fossem tiradas da prova do Enem – a maioria dizia respeito a contextos sociopolíticos ou socioeconômicos.

O jornal procurou Anderson Oliveira, mas o diretor do Inep não se posicionou sobre o caso.

Yahoo Notícias / foto: Anderson Riedel/PR

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