Artistas circenses falam das dificuldades enfrentadas na pandemia e a sensação da volta dos espetáculos

09 de Oct / 2021 às 13h00 | Variadas

Risadas, alegria, plateia e aplausos. A realidade dos circos espalhados pelos quatro cantos do Brasil geralmente era assim. Este cenário foi totalmente mudado pela pandemia de Covid-19, que desde março de 2020 afetou cerca de 10 mil trabalhadores dependentes da arte circense para sobreviver. 

Com a flexibilização dos plano de convivência em todo o País, artistas retomaram as apresentações seguindo os protocolos de saúde. Como diria a canção de Arlindo Cruz "O show tem que continuar’’. Entretanto, antes de reerguerem suas lonas, os trabalhadores circenses enfrentaram muitas dificuldades e algumas delas ainda persistem.

Devido à pandemia, reinventar-se foi necessário. Há 20 anos fazendo da diversão o seu ofício cotidiano, os artistas do Circo Maximus estão animados com as apresentações no bairro da Imbiribeira.

Entretanto, o período de paralisação das atividades foi difícil e muitos artistas tiveram que buscar alternativas para sobreviver, é o que explica Lucian Regis, diretor do Maximus. "A pandemia foi um susto que a gente tomou. O pessoal sofreu bastante, uns foram vender verdura, outros trabalharam de Uber", completou. 

Situação parecida com a da família do Real Circo. A trapezista e equilibrista, Renally Brandão, 20, corroborou com Regis, diz que o período trouxe muitos prejuízos.

"O circo precisa de manutenção em todas as áreas, caminhões, lonas, ferragens, parte tecnológica, e tudo mais. E devido ao grande tempo com as coisas paradas, levando chuva e sol, com certeza muita coisa se desgastou, mas graças a Deus estamos conseguindo colocar as coisas no lugar’’, comentou a otimista Renally.

A arte de estar no picadeiro exige técnica e criatividade. Reynaldo Brandão, de apenas 13 anos, o palhaço Reizinho, é da 6ª geração da família Brandão - do Real Circo. Ele busca bastante influência no México. Ele conta que voltar aos palcos foi emocionante.

"A sensação foi incrível, poder ver as pessoas aplaudindo e se divertindo outra vez, não tem coisa melhor para quem ama o que faz. As pessoas sorriem mais, estou gostando de serem felizes’’, comemora esse pequeno grande artista. 

Renally afirma que o público mudou bastante, mas de uma forma positiva. "O que eu sinto sobre o público é que agora eles estão dando mais valor ao circo, para o momento mágico, também enxergam que cada momento com sua família, principalmente sorrindo, é muito valioso.’’ 

O Cirque Amar, que fez turnê em toda a América Latina, também passou por períodos conturbados. De descendência francesa e com 17 apresentações envolvendo mágicos, equilibristas e globo da morte, o circo retomou ontem, no Recife.  

"A pandemia afetou 100%, pois não tem outro meio de renda, foi um ano e oito meses com nada. Esse recomeço é muito importante, estamos transbordando de alegria, de poder fazer o que a gente sabe e o que a gente tanto ama, que é levar alegria a todas as famílias’’, celebra, aliviado, o produtor do picadeiro, Bryan Stevanovich.

A arte circense: A Escola Pernambucana de Circo, fundada em 1996 é uma organização sem fins lucrativos, que através das atividades circenses, trabalha com os jovens os valores dos direitos humanos e a valorização da cultura.

No local, os alunos fazem todos os tipos de atividades circenses, como malabares, acrobacias aéreas, de solo, tecidos, trapézios, argola e muito mais. Porém, A EPC sofreu durante a pandemia e se manteve com economias e inscrições em editais.

De acordo com a Coordenadora executiva da escola, Fátima Fontes, a EPC sofreu uma baixa de alunos, mas que voltou ontem com apresentações em escolas.

Folha Pernambuco Foto Divulgação

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