Governo Bolsonaro apaga foto de homem armado usada para parabenizar o Dia do Agricultor após críticas

28 de Jul / 2021 às 16h19 | Variadas

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República apagou na tarde desta quarta-feira (28) o post com a foto de um homem armado feito horas antes em sua conta no Twitter como homenagem ao Dia do Agricultor.

O tuíte recebeu diversas críticas dos usuários e um deles apontou a origem da fotografia, retirada do banco de imagens iStock, que é pago. Neste site, a foto tem a seguinte a descrição: "Silhueta de caçador carregando espingarda no ombro e observando".

O G1 procurou o Palácio do Planalto, que não se pronunciou até a publicação desta reportagem. A postagem também foi apagada do Instagram da Secom.

O Ministério da Agricultura disse que não vai se manifestar.

O G1 consultou ainda organizações que ligadas ao Agro. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) afirmou que "repudia totalmente essa postagem feita nas redes oficiais do governo e, enquanto representante dos agricultores e agricultoras familiares, expressa a sua indignação".

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) disse que não vai se pronunciar. E a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não respondeu até a última atualização da reportagem.

O Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) afirmou que a manifestação "é uma demonstração indigna de quem tomou o lado do escravagista, do jagunço, do capitão do mato, do grileiro e do desmatador, que ignora a realidade de um país que ainda não se reconciliou com seu passado, marcado pela destinação da terra a endinheirados, marginalizando a população".

"É, sobretudo, um escárnio para com as muitas famílias e vítimas da violência no campo, como as do massacre de Eldorado dos Carajás, que completou 25 anos recentemente", disse a entidade, em nota.

A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) afirmou que "rechaça o simbolismo armamentista promovido pelo governo federal nas áreas rurais do país" e que a postagem demonstra "desconhecimento da realidade da agricultura familiar no Brasil, marcada pela solidariedade, generosidade e dedicação para prover alimentos de verdade para as famílias brasileiras".

"A segurança no campo não depende de armas, mas sim de políticas públicas de desenvolvimento rural, reforma agrária e tecnologia apropriada, geração de trabalho e renda", disse a entidade.

G1 / foto: reprodução/Twitter

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