"É obrigação moral", diz infectologista sobre jovens ficarem em casa

20 de Mar / 2021 às 15h00 | Coronavírus

Após a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertar para o colapso sanitário e hospitalar no Brasil causado pela pandemia da covid-19, a infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB), Valéria Paes, criticou as festas clandestinas e analisou o cenário da pandemia no Distrito Federal.

Em entrevista ao CB.Saúde, parceria da TV Brasília com o Correio Braziliense, ela comentou sobre o aumento de casos entre os mais jovens e sugeriu prioridade na vacinação em massa. Perguntada sobre o impacto da covid-19 em pacientes mais jovens nas últimas semanas, Valéria foi enfática ao dizer que as festas clandestinas têm influência determinante.

“O maior número de casos de jovens é entre adultos entre 20 e 29 anos (mais de 58 mil diagnósticos), que é, muitas vezes, o que está saindo para trabalhar. Esse percentual pequeno é significativo, e vai sobrecarregar o sistema de saúde. Estamos vendo jovens na UTI, e que também participam da cadeia de transmissão da doença. Por isso que a gente depende da colaboração de todos, enquanto sociedade mesmo”, pontuou a infectologista.

“Me preocupa muito as pessoas que trabalham de forma autônoma, nas ruas, e dependem do trabalho para o próprio sustento. Quem pode ficar em casa, tem a possibilidade de aderir às medidas de prevenção. É uma obrigação moral. Se a pessoa precisar sair de casa para o próprio sustento, que ela use álcool em gel para limpar as mãos. É por isso que fico muito triste quando vejo uma festa clandestina, porque acho um desrespeito com as pessoas que precisam sair de casa para trabalhar”, critica.

“Chegamos no pior momento da pandemia no nosso país. Já temos um sistema de saúde cronicamente sobrecarregado, demandas por vagas de UTI, mesmo antes da pandemia. Juntando com a pandemia, tivemos um aumento significativo de pacientes com esse tipo de cuidado. É uma preocupação muito grande, porque ainda temos uma alta taxa de transmissão. Quanto mais pacientes infectados, mais vão evoluir para uma forma grave e precisarão de vagas de UTI”, afirma Valéria.

A infectologista sugeriu uma vacinação em massa para desafogar o sistema de saúde do DF. "O principal problema que nós temos é de pouca vacina. Defendo firmemente que a gente consiga muitas vacinas para vacinar todo mundo o mais rápido possível."

Redação redeGN Foto Reprodução

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