Com o rio São Francisco bem mais seco, a poluição é um dos muitos medos que atormentam os ribeirinhos

12 de Mar / 2021 às 06h30 | Variadas

Depois de registrar a maior cheia dos últimos sete anos, no final do ano passado, o Rio São Francisco está baixando de novo. A situação já preocupa os ribeirinhos. É que a vazão reduzida compromete o desenvolvimento dos peixes, o abastecimento de água e aumenta a poluição.

Durante a extensão do rio é possível ver muitas pedras e pouca água. Cenário que mostra um dos rios mais importantes do país, agonizando de novo.

"Quando ele tá cheio é bem bonito mas quando ele baixa, tá vendo aí, só pedra (pra navegar fica bem complicado...) é mais complicado, fica mais complicado, só quem conhece mesmo, porque quem não conhece nem meta as caras que vai bater em pedra", disse o pescador José Ailson Tavares.

Em menos de um mês, a vazão da represa de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, caiu de 2.800 m³/s, para menos de 800m³/s. Quem vive da pesca está preocupado.

"Se o rio continuasse cheio, como tava, na base, o peixe desova porque ele encontra água corrente com mais capacidade para o peixe subir e descer e a desova acontecer", disse o pescador Josevaldo da Silva Gomes.

Para a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), o termômetro para o controle dos vazões é a represa de sobradinho, na Bahia. No fim do ano passado, Sobradinho estava com 83% da capacidade e na época a previsão era de chuvas acima da média em Minas e Bahia, onde estão os principais afluentes.

Por isso, foram autorizadas vazões maiores. Mas, com o nível atual de Sobradinho em torno de 65% da capacidade, a medida agora é de retenção da água. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, essas manobras são mesmo necessárias, para evitar secas ou enchentes severas.

"Então você tem que ter o nível de segurança, para a espera, deixar os reservatórios em determinado nível, a espera das chuvas que estão por vir, e você vai monitorando isso mensalmente, pela sala de situações", disse o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Maciel Oliveira.

Amostras revelaram que o rio estava contaminado com esgoto doméstico, o que deixou a água imprópria para consumo.

Do alto dá para ver o tamanho da ilha bem no meio do rio. Pescadores das universidades Federais de Alagoas e Sergipe, estão coletando amostras da água em vários trechos. Eles querem saber como está a qualidade da água depois da vazão ter sido reduzida.

"Para a gente avaliar cerca de 26 parâmetros de qualidade de água e também parâmetros microbiológicos. E depois dessa análise a gente vai observar se realmente, em relação a dezembro que foi o último mês de coleta aqui, como é que tá realmente a condição da água agora com essa diminuição da vazão com relação à última coleta que foi feita aqui no rio São Francisco", afirmou o pesquisador da Ufal, Emerson Soares.

Com o rio bem mais seco, a poluição é um dos muitos medos que atormentam os ribeirinhos.

"Diminui a quantidade de água. Mas a poluição continua a mesma e vai procurando manter o rio sempre mais sujo, né? Infelizmente, pela falta de responsabilidade de algumas pessoas de não ter a consciência de preservar esse bem tão precioso, tão importante para a gente, para o turismo, para a agricultura, para a produção de energia elétrica, para o consumo humano", lamentou o guia de turismo Ranieri Davison da Silva.

G1Alagoas Foto Arquivo Agencia Brasil

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