Artigo - Covid: Mortes de norte a sul, leste a oeste!

28 de Feb / 2021 às 23h00 | Espaço do Leitor

Por mais que haja empenho de boa parte da população em aceitar a complexidade do momento, a realidade se torna cada vez mais difícil de ser absorvida. E um dos fatores mais preponderantes e que contribui negativamente para que não se alcance uma mais razoável compreensão dessa gravidade, é a enorme diversidade conceitual sobre o Vírus COVID-19 e seus muitos protocolos em circulação nos diversos órgãos de imprensa, tanto por posições assumidas pelos seus editores, como por manifestações médicas divergentes por parte de muitos profissionais da área. Ora, é evidente que esses conflitos criam enorme angústia e desesperança!

Outro fator que afeta fundamentalmente o sentimento de confiança e crença de que tudo isso vai passar, esbarra na chocante falta de prioridades objetivas no combate ao COVID-19, desde o início.

Entre abril e maio/2020, justamente quando o Brasil registrava 2.575 mortes e 40.581 casos infectados, em algumas entrevistas em frente ao Palácio, o Presidente da República já esbanjava sinais de indiferença e desprezo, ao arrotar frases desse quilate:

a) "...Houve uma potencialização das consequências do vírus;

b) "Levaram o pavor para o público, histeria. E não é verdade. Estamos vendo que não é verdade. Lamentamos as mortes, e é a vida. Vai morrer!";

c) “Aproximadamente 70% da população vai ser infectada. Não adianta querer correr disso. É uma verdade. Estão com medo da verdade?";

d) "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre";

e) "Não sou coveiro, tá?". Ao mesmo tempo em que o vírus era uma invenção, um exagero, e não verdade, previa que 70% do Brasil seriam infectados!  E tantas outras expressões infelizes e impróprias para um Presidente. 

Como estamos atingindo a marca de 252,8 mil mortes e mais de 10,4 milhões de infectados até agora, pode-se afirmar, sem medo de errar, que esse Messias realmente não faz, nem fará milagre, mas profetisa com relativo acerto, visto que as mortes por ele anunciadas percorrem o Brasil em todas as direções, de Norte a Sul, e de Leste a Oeste!

É óbvio que não se pretende insinuar ou afirmar que a culpa dessas mortes é de “A” ou de “B”, o que seria injusto e imprudente. Mas, um líder tem de ter freio na língua, ser sensato, coerente e consciente de suas responsabilidades, deixando de lado a politicalha ao estilo CENTRÃO ou os radicalismos inconsequentes, em detrimento à defesa da vida dos cidadãos, diante de um claro colapso em todo o sistema de saúde do País, causado por uma “gripezinha”. Por essa expressão de indiferença e desprezo quando tudo começou, é que o povo está pagando caro! 

Quando se fala no indesejável confinamento ou funcionamento restritivo das atividades sociais, religiosas e empresariais, definido como "Lockdown", não há dúvida de que é a medida governamental mais extrema para tentar reduzir os impactos do crescimento desordenado de infectados, e consequentes mortes. Se governantes de outros países, que vivem igual drama, adotam essa alternativa para a saída do caos, será que o nosso Presidente é mais sábio que todos eles para seguir na direção contrária, desviando as suas atenções e gestões administrativas para ações de caráter secundário, justamente numa hora de tragédia, dor e sofrimento de tantos? Esse senhor, pelo que parece, tem olhado apenas para seu próprio umbigo...

É incontestável a assertiva de que o país não pode parar totalmente, no que concordo plenamente. O que se questiona, é que embora o caos recomende a união solidária de todos, sem vaidades ou partidarismos, o que se testemunha no cenário nacional é uma triste e repugnante rixa política entre autoridades e partidos políticos. Assim sendo, é hora de dar um basta nisso! É hora de ter respeito pelo povo, o verdadeiro dono do poder, atualmente relegado a último plano!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador - BA.

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