Símbolo do carnaval no Sertão de PE, Mestre Jaime morre aos 98 anos em decorrência da Covid-19

04 de Jan / 2021 às 12h30 | Variadas

Morreu nesta segunda-feira (4), aos 98 anos, o carnavalesco Jaime Alves Concerva, mais conhecido como Mestre Jaime. Internado deste o último sábado (4) no Hospital Regional de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, o artista plástico testou positivo para a Covid-19 e morreu de falência múltipla dos órgãos, de acordo com informações passadas por familiares.

Nascido em Salgueiro, Mestre Jaime marcou seu nome da história do município com a criação do bloco da “Bicharada”. Ao longo de 75 anos, levou alegria aos foliões com seus bonecos gigantes, representando animais e pessoas anônimas. Além de carnavalesco, Mestre Jaime era artista plástico, seresteiro, músico e alfaiate.

O bonequeiro sempre gostou do carnaval. Como tinha habilidade como alfaiate e artesão, começou a produzir os bonecos de cerca de cinco metros de altura com máscaras de animais, como elefantes e girafas. Os primeiros foram feitos em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele serviu no batalhão do exército em Olinda, no litoral do estado, mas antes que fosse convocado para ir batalhar na Itália, a guerra acabou. Ao voltar a Salgueiro, o artista começou a produzir os bonecos.

Outra marca de Mestre Jaime eram os ternos coloridos que ele utilizava durante o carnaval. Assim como os bonecos gigantes, as peças eram produzidas por eles. Para completar o visual autêntico, o carnavalesco usa uma dentadura de ouro 18 quilates.

Nos últimos 75 anos, Mestre Jaime sempre esteve presente no carnaval de Salgueiro. Por causa da idade, desde 2018, o bonequeiro passou a desfilar em um carro alegórico especial e adaptado, para que pudesse aproveitar a festa que mais gostava.

O enterro de Mestre Jaime será realizado no final da tarde desta segunda-feira, em Salgueiro. Casado com Maria Lilita Tavares, o artesão teve quatro filhos e adotou mais dois.

Em nota de pesar, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentaram a morte do artista. “Farão muita falta em nosso Estado aquele sorriso de ouro, as roupas luxuosas e coloridas, além da energia e do espírito transgressor que Mestre Jaime sempre carregava”, afirma. 

G1 Foto Reprodução Grande Rio

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