Após caso de dinheiro na cueca, Chico Rodrigues deixa vice-liderança do governo

15 de Oct / 2020 às 14h45 | Política

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) deixou o cargo de vice-líder do governo nesta quinta-feira (15/10). A exoneração do parlamentar foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Segundo o documento, o senador pediu para sair do posto. No entanto, sua saída foi pleiteada pelo presidente Jair Bolsonaro após o mal-estar gerado no Planalto.

"Nos termos do art. 66-A do Regimento Interno dessa Casa do Congresso Nacional, em atenção ao pedido do Senhor Senador Francisco de Assis Rodrigues, solicito providências para a sua dispensa da função de Vice-Líder do Governo no Senado Federal", diz a mensagem do despacho.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social também anunciou sua saída e apontou que "a ação da Polícia Federal e da CGU, respeitando os princípios constitucionais, é a comprovação da continuidade do Governo no combate à corrupção em todos os setores da sociedade brasileira, sem distinção ou privilégios".

Chico Rodrigues foi um dos alvos da operação Desvd19, deflagrada ontem (14), que apura um esquema de desvio de verbas públicas destinadas ao combate à pandemia da covid-19 em Roraima. Segundo as apurações da PF, foram desviados cerca de R$ 20 milhões em emendas parlamentares. Parte do dinheiro foi encontrado escondido em sua cueca e entre as nádegas.

Mais cedo, Bolsonaro comentou sobre a operação e declarou que o resultado da investigação é "fator de orgulho para o governo".

O mandatário também reafirmou que não há corrupção na atual composição do Executivo. O presidente destacou que o governo dele é formado apenas por ministros, estatais e bancos oficiais, e não conta com a participação de parlamentares.

"Alguns acham que toda a corrupção tem a ver com o governo. Não. Nós destinamos dezenas de bilhões de reais para estados e municípios, tem as emendas parlamentares também, e, de vez em quando, não é muito raro, a pessoa faz uma malversação desse recurso. Agora, a CGU está de olho, a nossa Polícia Federal está de olho e tomamos as decisões", concluiu.

O vice-presidente, Hamilton Mourão, também tratou de desvencilhar a imagem do governo da de Chico. Segundo o general, o senador seria uma "linha auxiliar do governo", e não faz parte do quadro efetivo. "Todos aqueles que estão dentro do Parlamento e que trabalham em favor do governo, ocupando cargos de vice-liderança e até mesmo fazendo parte da base, é uma linha auxiliar. Ele não é um membro do Executivo", rebateu.

Mourão também havia defendido que o senador deixasse a vice-liderança. "Eu acho que seria bom ele voluntariamente [sair], até para ele poder se defender das acusações que tem de forma mais livre", disse hoars antes.

Mourão ainda lamentou o ocorrido com o parlamentar e ressaltou que Bolsonaro não interfere nas investigações da Polícia Federal. "Lamento pelo senador Chico Rodrigues. Sempre teve um bom relacionamento. Tem que terminar essa investigação obviamente. Agora, o segundo aspecto é aquela história de que o presidente tem interferência na PF. Ele não interfere em nada. Está aí a face mais clara disso aí. Independente da posição que a pessoa tem em relação ao governo, se está metida em alguma atividade ilícita, a Polícia Federal tem plena liberdade para agir. De resto, vamos aguardar", disse a jornalistas no Palácio do Planalto.

Correio Braziliense

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