Demissão de ministro da Saúde reverbera mal na Câmara dos Deputados

15 de May / 2020 às 16h15 | Coronavírus

Na Câmara dos deputados, os parlamentares reagiram com surpresa ao pedido de demissão do ministro Nelson Nelson Teich, no fim da manhã desta sexta-feira (15).

Mesmo os mais próximos ao presidente admitiram que a troca do segundo chefe da pasta mais importante no combate ao coronavírus em meio à crise gera incerteza e medo. Principalmente em um momento em que o número oficial de mortos chega a quase 14 mil, e o de contaminados está em quase 203 mil e em plena ascenção.

O líder do Partido Socialista Brasileiro, Alessandro Molon (RJ) afirmou que o presidente está sendo irresponsável e que a atitude reforça a importância do pedido de impeachment impetrado pela legenda na presidência da Câmara. “O presidente da República não quer um ministro técnico, mas alguém que concorde com as suas insanidades ideológicas. Em insistir na irresponsabilidade da cloroquina e na reabertura do comércio e fim do distanciamento social”, afirmou. 

“Temos que pedir ao presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) que dê seguimento ao pedido de impeachment feito pelo PSB. Acho que as pessoas veem as graves consequências das ações de Bolsonaro em termo de perda de vidas e, com isso, a pressão pelo impedimento aumentará. As pessoas estão começando a associar às mortes à irresponsabilidade do presidente da República”, avaliou.

Alex Manente (Cidadania-SP) também não viu com bons olhos a segunda troca de ministro em meio à maior crise sanitária já vista pelo brasil e pelo mundo. “Eu acho, infelizmente, que vivemos a maior crise da sáude dos últimos 100 anos, e temos que ficar, a todo momento, contornando políticas ideológicas. Uma crise que mata milhões de pessoa e já matou milhares no brasil. É triste ver o país nesse caos político nesse momento”, disparou. 

Manente é favorável à reabertura do comércia de forma programada, como ele mesmo ressaltou. “Temos que fazer um cronograma de reabertura mas com informações para combater e lidar com o vírus. Temos que dar condições para que as pessoas girem a roda da economia, porém com preservação da saúde e de vidas. Há condições disso. Cada segmento já estudou como preservar e abrir as portas dos seus negócios”, afirmou.

A líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ) afirmou que o país está órfão de governo. “O ministro Teich vem sendo humilhado permanentemente desde o início. Ele entrou se colocando identificado com o presidente, mas como autoridade sanitária cem sendo descredenciado. As duas últimas vezes ocorreram, na liberação de atividades essenciais que não são realmente essenciais e, depois, no discurso da cloroquina, passando por cima da ciência e orientações científicas”, avaliou.

Para Jandira, Teich garantiu “o mínimo de dignidade” ao sair do governo. “É no meio de uma pandemia com ao menos dois ministro, o que vai entrar já vai entrar sabendo o que o segue. Ou adere à não-ciência e a ser mercador da morte, como o presidente da República, ou não será ministro por muito tempo. Estamos na mão de um governo genocida. O Congresso Nacional vai ter que tomar uma atitude. Não podemos levar o Brasil a milhões de mortes sob a irresponsabilidade de Jair Bolsonaro”, criticou.

Governista, Hildo Rocha (MDB-MA) defende a atribuição do presidente de trocar o ministro e afirma que, nessas condições, se Teich não estava dando conta, deveria sair, e um posicionamento de Bolsonaro seria corajoso. Mesmo assim, o deputado viu com preocupação o ocorrido. “Se a pessoa que ele botou não está tendo conta, tem que tirar. Ele está tendo coragem, pois é um momento de muita incerteza e intranquilidade, é algo muito arriscado perante o pensamento da população”, opinou. 

Foto Ilustrativa

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