Após Justiça determinar lockdown (bloqueio total), Grande São Luís terá barreiras de entrada e saída a partir de terça (5)

01 de May / 2020 às 20h33 | Coronavírus

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PcdoB), anunciou nesta sexta-feira (1º) que cumprirá a decisão do Poder Judiciário, que obrigou o Estado a estabelecer o bloqueio total (lockdown) das atividades não essenciais na Região Metropolitana de São Luís. O decreto será publicado no domingo (3) e passa a valer a partir de terça-feira (5), quando haverá bloqueios na Grande Ilha.

Durante entrevista coletiva, Flávio Dino afirmou que haverá a implantação de barreiras na entrada e saída de São Luís e nas principais avenidas da cidade, com pontos de controle, para que só circulem as pessoas que trabalham em atividades essências ou que tenham alguma necessidade emergencial, como, por exemplo, acesso aos serviços de saúde.

O governador não deu detalhes sobre como será feita a fiscalização do tráfego de veículos e pessoas na Região Metropolitana, que abrange as cidades de São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa e a capital São Luís. Segundo ele, essas ações serão debatidas com sua equipe e divulgadas no decreto de domingo. Mas ele adiantou que haverá punição para quem não cumprir as normas.

“Quanto ao descumprimento, todos serão objetos de sanções administrativas, multas e comunicação ao Poder Judiciário. Agora, quem insistir no cumprimento apenas de orientações políticas, insensatas, estará simultaneamente infringindo normas estaduais e descumprindo a decisão do Poder Judiciário".

Entre os itens que constarão no decreto, o governador afirmou que haverá restrição do tráfego de veículos na entrada e saída da Ilha de São Luís e reforçou que não haverá desabastecimento, já que os caminhões poderão circular transportando alimentos e todos os produtos que são necessários para as atividades econômicas e sociais.

“Não há necessidade de corrida para compra de alimentos, os estabelecimentos que vendem comida estarão todos abertos. Vimos uma corrida, para comprar alimentos com base em fake news. Eu peço, não se aglomerem sem nenhuma racionalidade em supermercados e feiras, pois estarão abertos assim como as farmácias". Ainda segundo o governador, haverá a restrição das atividades essenciais ao mínimo necessário. Entre as atividades, hoje consideradas essenciais, que serão paralisadas, o governador citou serviços de comércio, indústrias e obras de construção civil.

“Nós temos hoje, no decreto estadual em vigor até o dia 5 de maio, um rol bastante amplo de atividades essenciais, mas esse rol será restringido, diminuído ao mínimo necessário, para que possamos dar cumprimento à decisão do poder judiciário e assegurar o atingimento da sua meta, que é reduzir a circulação de pessoas”, declarou.

Além das barreiras de fiscalização e restrições de atividades, o governador também afirmou que vai fixar algumas diretrizes para as prefeituras das cidades da Região Metropolitana de São Luís. Os gestores municipais deverão:

Estabelecer a diminuição de pontos de paradas de ônibus, principalmente no Centro de São Luís.
Fazer o controle nas feiras e mercados , os quais devem ter restrições, sendo que esses locais deverão ser fiscalizados.
Quanto a suspensão das aulas nas redes estadual, municipal e particular será estendia por todo o mês de maio. As aulas deverão ser retomadas no mês de julho, se o estado atingir a meta de conter a disseminação do novo coronavírus.

Flávio Dino voltou a criticar o que chamou de “irresponsabilidade” dos bancos, onde há filas enormes, o que prejudica os funcionários e clientes, diante do risco de contaminação pela Covid-19. Segundo ele, há filas quilométricas e aglomerações aleatórias.

Para diminuir o problema, o governador afirmou que vai aumentar as multas sobre os bancos e irá lançar, neste sábado (2), um edital de contratação de pessoas para organizar as filas da Caixa Econômica Federal.

“As empresas que mais auferem lucro no Brasil não tiveram o compromisso, a responsabilidade social de cuidar do acesso aos seus negócios. Já enviei ofícios alertando quanto a necessidade de melhorar organização do pagamento da renda básica, mas nada foi feito. Por isso, o estado vai contratar pessoas para organizar as filas na Caixa e vai aumentar as multas”, explicou.

O governador voltou a ressaltar a importância das medidas não farmacológicas na prevenção contra o novo coronavírus, já que não há, ainda, remédios ou vacinas contra a doença. Por isso é preciso tomar medidas que façam com que as pessoas não adoeçam, para que não superlote a rede de saúde.

“É falsa, é mentirosa, é demagógica é irresponsável a afirmação de que as medidas de isolamento não surtiram efeito, pelo contrário. Se os governadores não tivessem com seriedade e não com piadas e brincadeiras fora de hora, cuidando desta temática, o quadro sanitário no Brasil seria mais grave. Quem diz isso não são os governadores, são os profissionais de saúde ”, afirmou.

Ele declarou que há um alinhamento e uma compreensão de que a decisão do Poder Judiciário se coaduna com o que a ciência vem preconizando e difundindo em escala mundial. E que essas vozes que todos os dias atacam e conspiram contra os governadores, não estão cuidando da vida das pessoas.

Flávio Dino disse que, por 10 dias, a medida de bloqueio toral será aplicado na Ilha de São Luís e espera que não seja necessário fazer em outras partes do estado. Ele voltou a frisar a importância da população entender a gravidade do problema.

Segundo o último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Maranhão atingiu a marca de 204 mortos e 3.506 infectados por Covid-19. Já a taxa de ocupação dos leitos de UTIs em São Luís é de 77,64%. O governador afirmou que é preciso seguir as medidas impostas, para que o estado consiga recuar na curva de contaminação.

“Muitos pensam que o coronavírus só vai atingir o vizinho, a pessoa da outra rua, do outro bairro, da outra cidade. Nós precismos ter solidariedade, mesmo que a pessoa atingida não seja da sua família. Precisamos pensar no próximo e que o sistema hospitalar não dá conta de atender milhares de pessoas ao mesmo tempo, nem no Maranhão, nem em outros estados do Brasil nem no mundo”, finalizou o Governador Flávio Dino.

G1 Maranhão Foto: Reprodução

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