Ilha do Fogo: rejeitada por Petrolina. Abandonada por Juazeiro. Amada pelos poetas. Desejada pelor setor turístico

06 de Feb / 2020 às 11h03 | Variadas

Mais uma vez a Ilha do Fogo parece ser rejeitada por Petrolina, Pernambuco e Abandonada por Juazeiro, Bahia. O setor privado tem um olhar de cobiça pelo potencial turístico da Ilha. Os poetas a amam.

O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Petrolina, Giovanni Costa, afirmou na quarta-feira 5, que a Ilha do Fogo pertence ao município de Juazeiro (BA). De acordo com o secretário, uma reunião realizada há três meses com a União decidiu que a responsabilidade e os cuidados seriam do município baiano, após relatório que foi divulgado recentemente.

A redação da redeGN/Blog Geraldo José fez contato com Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (SEMAURB), Juazeiro, Bahia e foi informado que "existe em andamento um estudo, trabalho do IBGE, porém nada foi oficializado".

A Procuradoria Municipal de Juazeiro não enviou nota esclarecendo sobre as declarações das autoridades de Petrolina. Afinal de quem é o poder administrativo  da Ilha do Fogo? Juazeiro ou Petrolina. Quem dará vida a uma beleza existente nas margens do Rio São Francisco?

A professora e historiadora Maria Izabel Pontes (Bebela) conta que a lenda diz: "naquele morro lá da Ilha do Fogo, há uma grande serpente com os seus olhos de fogo, que mesmo sob o morro ilumina as noites sem luar. Muitos barqueiros, paqueteiros e pescadores já viram os fortes focos de luz que emanam dos seus olhos, mas o mais importante é que essa terrível serpente está presa por um fiozinho de cabelo de Nossa Senhora. Nossa Senhora das Grotas. E se um dia esse fio quebrar a serpente se soltará e se transformará numa enorme baleia, e Juazeiro e Petrolina se transformarão numa cama de baleia...inundarão"

"É a lenda, o progresso, a criatividade das pessoas... tudo isso eu acho muito bonito", escreveu Bebela.

A história consta no livro: Era uma vez... Lendas de Juazeiro e das cidades ribeirinhas do Vale do São Francisco, da Professora Maria Izabel Pontes – Bebela.

Já o Jornalista e Professor Luiz Osete revela que cercada de água e mistérios por todos os lados, a Ilha do Fogo é a maior testemunha do que Caetano Veloso, numa célebre passagem pela região, identificou como a “sombra do ciúme” que paira sobre Juazeiro-BA e Petrolina-PE.

Divisa natural entre os estados de Pernambuco e Bahia, a ilha possui uma área praiana de terreno acidentado, formado por uma rocha única, elevando-se ao poente em morro de aproximadamente 20 metros de altura, onde fica um cruzeiro que durante muito tempo serviu de orientação aos navegantes.

No limiar da correnteza que trouxe os intrépidos navegantes, o "oculto do mistério", vindo de Minas, se escondeu no terreno acidentado da ilha.

Nos livros sobre lendas do Velho Chico não faltam depoimentos de pessoas que afirmam piamente terem se deparado com a tal Serpente D’água. Com relação à origem do nome da ilha, Lúcio Emanuel, profundo conhecedor das tradições ribeirinhas, afirmou que nas noites de trevas densas um brilhante foco iluminava o pico da ilha formada de uma gigantesca saliência de granito, daí o nome Ilha do Fogo.

Com o passar dos anos e das águas, as lendas em torno da ilha foram se estreitando com uma intensidade similar ao próprio estreitamento físico. Na ausência de serviços de proteção aos efeitos da erosão fluvial, a Ilha do Fogo, que tinha por volta de 54 mil metros quadrados, hoje tem no máximo 32 mil.

É isto: quem vai cuidar do Patrimônio chamado Ilha do Fogo? A fria burocracia é apenas mais um número, estatística? Quais são as autoridades que defendem a Ilha do Fogo consumida neste momento de incertezas, porém cheia de amores...amores dos Poetas.

Redação redeGN/Blog Geraldo José Foto: Laercio Lima

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