Artigo – ANO NOVO: ANTES E DEPOIS

29 de Dec / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

Como sempre acontece, o Natal tem o poder de ser uma Festa revestida de muito carinho e agradável encantamento, não somente pela memória que permite relembrar o nascimento do menino Jesus, como pela particularidade de ser conhecida como uma “festa da família”. Ainda que no entorno dos festejos haja uma forte ascendência dos interesses comerciais, é insuperável e contagiante a alegria de adultos e crianças ao se presentearem mutuamente, com aquele tradicional e singelo FELIZ NATAL!  

Mesmo que ainda esteja a sentir os eflúvios especiais da noite natalina, eis que já estamos à espera do agradável gostinho de outra data também muito especial, que embala os sentidos de todas as pessoas, pela importância que representa o dia 31 de dezembro. Ainda que o final da jornada ao longo de 365 dias, às vezes, não deixa muita coisa a comemorar, mas, é impossível não reconhecer que emociona a passagem dos últimos minutos que marcam a transição entre um ano que passa e já representa um passado, e outro que se inicia trazendo esperanças e novas expectativas de vida para as pessoas. 

É muito comum se ouvir frases populares do tipo “o que passou, passou”, e “não adianta chorar o leite derramado”, como se pretendesse esquecer todos os acontecimentos ocorridos no ano que se finda. Mas, mesmo que haja a intenção de reinventar toda uma nova vida, não se deve, jamais, desprezar as experiências úteis e as oportunas lições positivas que possam inspirar uma reorientação de hábitos e procedimentos no ANO NOVO. Importante, também, é fazer um breve exercício de reflexão, de modo a estar habilitado à construção de um novo tempo.

Certamente que em meio a todo esse clima de festa, existe um cenário político nacional que envolve todas as tendências e estimula posicionamentos em defesa de ideias pessoais, para alguns, e ideologias partidárias para outros. Considerando que o Sistema Democrático representa a legítima convivência entre os contrários, é fundamental que haja o amadurecimento dos princípios básicos de liberdade, associado ao respeito aos direitos e deveres individuais de cada cidadão.

Numa Democracia as manifestações públicas, representando os diversos segmentos do pensamento político, é um direito que não pode ser jamais questionado, nem usurpado, desde que observados os limites estabelecidos pela ordem institucional. Nessas ocasiões é impositivo separar o joio do trigo, ou seja, protestar com decência e sem anarquia, respeitando sempre o patrimônio público e privado. A violência e o vandalismo geram a reação policial com igual força e intensidade, e essas regras de segurança são universais e não apenas inerentes à polícia brasileira.

Ainda que haja uma teimosa intenção de alguns em inocentar ou atenuar a gravidade das ações criminosas praticadas nos últimos anos por aqueles a quem cabia a responsabilidade de defender o Brasil, o que levou mais de uma centena deles à merecida prisão, sou induzido a afirmar que mais parece ter havido uma conspiração para achincalhar com a República do Brasil. Sobre esse quadro, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira (ex-ministro dos Governos de Sarney e Fernando Henrique) fez uma dura declaração: “...minha sensação dolorosa é que estamos desconstruindo o Brasil”.

Essa não é uma conjuntura herdada apenas do ano de 2019, mas que vem num processo histórico de agravamento de muitos anos. A prece que se ergue aos céus é que tanto os atuais governantes como os seus opositores, consolidem a convicção de que esse povo está prestes a perder a paciência. Que as influências negativas do ANTES não venham corromper as práticas e gestões no DEPOIS de primeiro de janeiro de 2020! 

E que a vergonha, algo tão essencial em todos os setores da vida, seja perene no seio daqueles que recebem a missão de fazer o melhor pelo Brasil e não a si mesmos. Que a decência possa permear os cargos recebidos em favor de um serviço público eficiente, transparente e, acima de tudo, exercido com honestidade, essa palavra tão difícil de ser pronunciada quanto praticada neste país!  

Autor:   Adm.  Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.

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