CPT e Irpaa condenam ação da Codevasf por reintegração de posse em Juazeiro/Casa Nova 

25 de Nov / 2019 às 21h25 | Policial


Como divulgado nesta manhã de segunda-feira, 25, a Polícia Federal, com apoio de outros órgãos de segurança pública e do Poder Judiciário Federal, cumpriu mandados de reintegração de posse em favor da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), desalojando famílias de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nos Acampamentos Irani I e II e Abril Vermelho, localizadas nos municípios de Juazeiro e Casa Nova. A área ocupada totalizava aproximadamente 1727 hectares (19 lotes).

A desocupação gerou manifestações em favor das famílias desalojadas, embora a Polícia Federal e a Codevasf tenham anunciado que a operação foi pacífica, sem confrontos e que as famílias teriam sido encaminhadas para outras áreas em transportes cedidos pela própria Codevasf.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reiterou o repúdio à decisão judicial que determinou a reintegração de posse dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, e manifestou solidariedade aos trabalhadores/as atingidos pelos despejos em nota distribuída nesta segunda feira pela CPT: “Bombas de gás, spray de pimenta, casas destruídas, trabalhadores feridos e cerca de 700 famílias sem ter para onde ir. Essa é a situação dos acampamentos Abril Vermelho, no Projeto Salitre, em Juazeiro, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em Casa Nova (BA). Os despejos violentos realizados pela Polícia Federal, que tiveram início na madrugada de hoje (25), cumprem mandados de reintegração de posse em favor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)”, disse em trecho da nota.

O Irpaa também se pronunciou: “A madrugada desta segunda-feira (25) foi de pavor para centenas de famílias Sem Terra do Vale do São Francisco que sofreram despejo por meio de uma ação violenta da Polícia Federal. No total, uma média de 700 famílias dos Acampamentos Abril Vermelho, no Projeto Salitre, em Juazeiro, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em Casa Nova (BA) tiveram seus barracos destruídos e a ameaça de destruir também as áreas de plantio. A decisão das famílias foi de resistir e, mediante confronto e ação truculenta da polícia, houve pessoas feridas e intimidadas”, concluindo com palaras de apoio: “Nos solidarizamos com as famílias atingidas e com todo o Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST), reconhecendo a contribuição desses acampamentos para a produção de alimentos e economia local ao longo desses anos e a necessidade de garantir às famílias o direito à moradia e à terra para produzir.”.

Em nota a Codevasf justificou que a “as iniciativas da Codevasf para desocupação dessas áreas ocorrem especialmente para proteção e preservação da área de reserva legal do Projeto Senador Nilo Coelho, um requisito fundamental para renovação do licenciamento ambiental do projeto e a continuidade de seu funcionamento, com a manutenção de mais de 60 mil empregos diretos e indiretos e o incremento anual de R$ 1,42 bilhões na economia da região”, disse em um dos trechos.

De acordo com a Codevasf “Reitera-se, sobretudo, que a Codevasf, na plena obediência à Justiça, recupera, assim, o patrimônio público da União, conforme Lei federal, e está envidando todos os esforços junto às Forças de Segurança e aos próprios envolvidos neste processo, para que todo o trâmite ocorra com harmonia e na mais perfeita paz”, justificou.

Da redação GJ Notícias

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