SENADOR, LÍDER DO GOVERNO BOLSONARO DEFENDE INSTALAÇÃO DE USINA NUCLEAR NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO; MOVIMENTOS SOCIAIS REAGEM

06 de Sep / 2019 às 07h00 | Variadas

Em entrevista ao Programa de Rádio Frente a Frente, direto de Brasília, o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), anunciou que irá procurar o governador Paulo Câmara, nos próximos dias, para convencê-lo a aceitar a instalação de uma usina nuclear no município de Itacuruba, investimento, segundo ele, da ordem de U$ 2,5 bilhões. 

O senador explicou explicou que o Governo Bolsonaro está retomando o projeto de abertura de novas usinas no País e que no caso de Pernambuco a melhor localização ainda continua sendo Itacuruba, conforme estudos anteriores. “Pernambuco não pode ficar de fora, em todo lugar do mundo existe usina nuclear, que gera uma energia limpa, sem nenhum risco”, disse. Sobre a reação negativa da população quando se discutiu o assunto em governos anteriores, o senador afirmou que não há mais preconceito em relação à energia nuclear. 

“O que o sertanejo tem medo é de fome”, advertiu, ao responder pergunta como a população de Itacuruba iria receber a notícia. O líder avaliou que o governador não poder abrir mão de tamanho investimento, que só nas obras de instalação irá gerar cerca de 14 mil empregos diretos.

Diante desta possibilidade da instalação de uma usina nuclear às margens do Rio São Francisco, no município de Itacuruba, no Sertão pernambucano, movimentos sociais estão se mobilizando em defesa da segurança hídrica e ambiental da região.

O professor e doutor Heitor Scalambrini destaca a preocupação com obras da dimensão de uma usina nuclear. "Não existe obra com desastre zero. Falar que um vazamento não pode acontecer não é verdade. Eles falam que o acidente é quase nulo. Não é verdade. Quando acontece acidente nuclear ele perdura por vários anos, a contaminação penetra no lençol freático", explica.

Enquanto a professora e doutora da UFPE e UPE, Vânia Fialho, enfatiza que a região não é um vazio demográfico. " Estamos falando de uma região com grande complexo étnico, com relações de parceria e troca. Ao invés de baixa densidade temos rica rede e presença indígena na região", argumenta. 

Os conflitos e as possíveis ações coletivas para barrar esse projeto foram colocados pelo público. O deputado estadual Doriel Barros (PT), engajado à luta contra usina em Pernambuco, se colocou à disposição do movimento. " Não podemos pagar o preço para ver as consequências de uma usina como essa. Me coloco à disposição para discutir junto com a população e trabalhadores. Me coloco nessa luta com a Igreja e junto a todos que defendem a vida", concluiu o deputado.

A redação do blog Geraldo José enviou solicitação para o Governo Federal esclarecer sobre o Projeto de criação da fonte atômica de energia que foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). 

Além de Itacuruba, outras oito localidades no Nordeste e Sudeste do país estão sendo estudadas para abrigar usinas. De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, a Eletronuclear já concluiu estudos que indicam Itacuruba como a área ideal para a construção do empreendimento que custaria R$ 30 bilhões.

Redação Blog Foto: Arquivo MST

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