IV Seminário de Educação Patrimonial discute alternativas para o ambiente escolar

15 de Aug / 2019 às 19h00 | Variadas

 Numa parceria com a Secretaria Estadual de Educação (SEE), a 12ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, promovida pela Secretaria de Cultura e Fundarpe, realizou o IV Seminário de Educação Patrimonial - que este ano teve como tema "Práticas Educativas e Patrimônio Imaterial: saberes e diálogos". A conferência de abertura foi feita pelo professor Hugo Menezes Neto (UFPE), na presença de 70 professores da rede pública, com a proposta de levantar questões sobre como abordar a educação patrimonial em sala de aula. Clique aqui e confira as fotos da cobertura.

"O Seminário de Educação Patrimonial é a culminância de todo um trabalho que a Unidade de Educação Patrimonial da Fundarpe faz ao longo do ano. A ideia é estimular os professores para que esse trabalho não seja algo pontual, mas contínuo", explica Amanda Paraíso, coordenadora de Educação Patrimonial da  Fundarpe.

Hugo Menezes é vice-chefe do Departamento em Antropologia e Museologia (DAM), e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É também Doutor em Antropologia pela UFRJ e dedica-se a pesquisas nas áreas de Cultura Popular, Patrimônio Imaterial, Antropologia Urbana e Antropologia Visual, entre outros assuntos.

Na ocasião, Hugo Menezes apresentou uma conferência intitulada "O Patrimônio e a desobediência epistêmica". "Minha proposta é partir de uma lógica que seja desobediente a uma visão eurocêntrica. A ideia de valor patrimônio foi desenvolvida ao longo do século XX e em determinado momento houve uma escolha feita pelos governantes, ligados à elite brasileira".

Dentre alguns exemplos de concepção do que é patrimônio, o professor citou a cultura ianomâmi, na qual todos os bens de um ente falecido são destruídos. "O que é guardado são as narrativas sobre aquela pessoa, repassadas de geração em geração".

"A educação patrimonial é uma garantia de direitos, deve ser emancipadora e desobedecer a essa lógica, ainda mais num no nosso país onde existem patrimônios dos mais diversos, de origem indígena e africana", concluiu o professor, que depois conversou com os professores sobre o tema.

Após a conferência, o grupo foi dividido em duas turmas, que discutiram dois eixos temáticos: (1) Educação e ações de salvaguarda; (2) Racismo, antirracismo e as manifestações culturais. O Eixo 1 contou com a participação da professora Drª Izabel Cordeiro, mais conhecida como Mestra Bel, e Ricardo Pires, o Mestre Mago, ambos do Centro de Capoeira São Salomão.

A apresentação trouxe um dos aspectos mais importantes da capoeira, que é a música. "É nesse ambiente que contamos histórias antigas, de luta e de dor, e levamos essa poesia para vários lugares. Quando falamos da capoeira falamos da herança de povos que vieram escravizados para o Brasil", disse Mestra Bel. A Capoeira é Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

á o eixo 2 teve a presença do mestrando do Programa de Pós graduação em Educação da UFPE, Emerson Nascimento e o babalorixá Ivo de Xambá. Para Pai Ivo da Xambá, representante da Nação Xambá, Patrimônio Vivo de Pernambuco, é importante que se discuta com profundidade em sala de aula a história e a cultura do povo negro brasileiro. "Mandela já dizia: ninguém nasce racista, é a sociedade quem constrói isso. Se dentro do ambiente escolar a gente quebrar essa ideia, vamos conseguir mudar esse quadro".

O IV Seminário de Educação Patrimonial contou ainda com uma exposição de banners da EREM José Vilela, coordenado pelo professor Anselmo Cabral com o tema "Patrimônio Imaterial de Pernambuco: pesquisas históricas e afetivas em torno dos nossos saberes e fazeres".

Ascom Fundarpe

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