ARTIGO – TENDÊNCIAS E TENDENCIOSOS!

07 de Apr / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

É impressionante como existe uma tendência natural das pessoas na avaliação negativa de todo e qualquer ato de governo, independentemente de sua natureza, cuja causa mais recorrente está no ângulo de visão ofuscado pelas posições políticas dominadas pelo radicalismo. Embora entenda que não se possa pretender que ocorram mudanças na linha de pensamento ideológico das pessoas, que venha significar a alteração de posições partidárias, contudo, um mínimo de racionalidade é esperado diante dos fatos.

Por exemplo, nada mais evidente e compreensível, que uma viagem internacional do Presidente da República e sua comitiva de assessores, seja marcada por um perfil de aproximação e cordialidade diplomática, sem a concretização de negócios imediatos que represente o repentino investimento de bilhões de dólares na economia. Só o estreitamento de relações já oferece boas sinalizações futuras em várias frentes, seja no campo econômico, tecnológico ou cultural, principalmente quando a Nação visitada é como o Estado de Israel, que se constitui num extraordinário exemplo para o mundo, como um povo que sobreviveu ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial, onde mais de 6 milhões de israelenses perderam a vida. Com garra, coragem e determinação, o Estado de Israel saiu do nada para um modelar desenvolvimento nos dias atuais, o que causa uma incompreensível reação adversa. Mas, inegavelmente, é algo extraordinário!

Obviamente que os acordos bilaterais assinados nessas visitas oficiais mais sinalizam uma intenção política do que a obtenção de resultados econômicos imediatos. Muito bem definiu o professor de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo) Pedro Feliú: "Textos de acordos bilaterais normalmente tendem a ser mais genéricos mesmo no início de negociações entre os países", explica. E sempre foi e será sempre assim. Ninguém volta de uma visita cordial entre países com os bolsos cheios de dinheiro, para ser mais claro. Aliás, tivemos governos recentes que levaram bilhões do BNDES para oferecer investimentos ao anfitrião, como se o Brasil fosse o país rico!

A prudência recomendável nessas viagens, é evitar as declarações de impacto e geradoras de polêmicas, que possam produzir insatisfações e comprometimentos, como a anunciada mudança da Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém – quando da visita aos EUA -, e que agora já mudou para um Escritório de Representação. De outra parte, diante da natural reação surpresa e contrariada das autoridades árabes por esse anúncio do Presidente, o seu filho, que é Senador da República, de forma desequilibrada e irresponsável, reage com impropério torpe e inaceitável de que “quero que eles explodam”! Depois, se arrependeu e apagou a infeliz declaração do seu Twitter! Ele ainda não se convenceu de que, independentemente de ser filho, exerce cargo eletivo como Senador da República e, como tal, deveria ter mais comedimento nas atitudes. Tinham silenciado um pouco, mas, de vez em quando, os garotos entram em campo para fazerem gols contra o próprio pai.

Nesse episódio da reação óbvia da Autoridade Palestina, há um detalhe a exigir do governo o necessário equilíbrio: a importante parceria comercial que deixou para nós um superávit em 2018 acima de US$ 7 bilhões de dólares, em decorrência da exportação de carne bovina, frango, soja e milho. Assim, os extremos precisam ser evitados, de modo a preservar as relações comerciais com as duas partes em conflito histórico. Será que não sabem disso? Sabem. O problema está na língua sem freio.

A propósito das críticas ao Presidente pelas quatro viagens realizadas nesse período de governo – Davos/Suíça, EUA, Chile e Israel -, temos o contraponto de Fernando Henrique Cardoso, com tantas viagens realizadas que chegou a ser apelidado de “Viajando Henrique Cardoso”, e o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu superá-lo em números totais de viagens ao exterior, durante os dois governos. O Lula, inclusive, pouco tempo depois de assumir o governo, logo adquiriu um novo Avião Airbus Presidencial, no qual investiu US$ 56,7 milhões, para melhor segurança e conforto nos seus deslocamentos, atitude que acho normalíssima e que ninguém censurou! Percebe-se, assim, que existem dois pesos e duas medidas...

Nesse contexto de ideias conflituosas temos de nos conscientizar de que não basta criticar os políticos apenas, mas amadurecer as nossas posições e consolidar nossas TENDÊNCIAS, evitando sermos TENDENCIOSOS!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).

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