ARTIGO – MINISTRO, ISSO É FALTA DE EDUCAÇÃO!

10 de Feb / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

Ministro Tévez: “Brasileiro viajando é canibal. Rouba coisas dos hotéis”

O tema desta semana não poderia ser outro, diante da indignação que me provocou as palavras do Ministro da Educação – Educação?! – na entrevista às Páginas Amarelas, da Revista VEJA, desta semana. Estranhamente as arrojadas diatribes ditas por ele, espontaneamente, não repercutiu na imprensa em geral como seria de imaginar, até por parte daqueles que estão se apegando a mínimos detalhes para exacerbar ataques ao governo. Difícil não afirmar que foram deselegantes, estúpidas, infelizes e inadequadas as suas palavras, na condição que hoje se encontra como responsável pelo Ministério que cuidará da Educação no País: “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”.

Ainda que práticas e atitudes erradas existam no comportamento de certos indivíduos por falhas na formação educacional, seja de origem escolar ou doméstica, essas máculas tristes não podem ser expostas de maneira genérica, atingindo o caráter e o sentimento de todo o povo brasileiro. Aliás, o Sr. Ministro, de origem colombiana e, portanto, conhecedor de que esses defeitos por ele citados são comuns na formação da cultura latina, deveria ter tido um mínimo de respeito ao País que o acolheu com carinho e o adotou com a naturalização brasileira (1997). 

Por exemplo, um dos defeitos comuns na gente brasileira que se acerca ao Poder, é o apego à deprimente subserviência e à adulação aos superiores. Pelo visto, a vacina que ele utilizou foi inócua, porque bastou o Sr. Ricardo Vélez Rodriguez assumir a nossa cidadania e já foi contaminado por esses desvios de comportamento. Indicado para o cargo pelo Sr. Olavo Carvalho, loquaz filósofo e orientador do Presidente - outro convencido que é dono da verdade -, e isso já foi suficiente para responder à pergunta do repórter sobre “quem colocaria na entrada do MEC em substituição ao busto de Paulo Freire, que era da esquerda?” e, sem pestanejar, respondeu: “Do século XXI, Olavo de Carvalho”. Aliás, como bom apadrinhado, durante a entrevista enaltece várias vezes o nome do seu padrinho.

Todavia, não poderia haver melhor repulsa que a expressada pelo Sr. Valter Lúcio de Pádua, Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, em carta ao Ministro: 

“Ao que parece, além de não conhecer os brasileiros honestos que viajam a trabalho ou a lazer, V. Exa. não teve oportunidade de conversar e dar a devida atenção a brasileiros que jamais andarão de avião e nem se hospedarão em hotéis, por não terem recurso para isso. [...] Se se dedicasse a conhecer de verdade os brasileiros, conversando também com as pessoas mais pobres, V. Exa. iria se surpreender e se encantar com nosso Povo, iria descobrir que há pessoas não alfabetizadas que são muito mais inteligentes do que Ministros de Estado”. E acrescenta, citando a Lei:

“Como servidor, cabe-me ensinar a V. Exa., caso ainda não saiba, que temos o Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal, Decreto n. 1171 de 22 de junho de 1994. No referido Decreto é citado que “(...) Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral (...)”.

Mesmo que com 41 dias de governo, período esse conturbado por viagem do Presidente ao encontro de Davos, na Suíça, tragédia de Brumadinho-MG, internamento para nova cirurgia, tempestades graves no Rio de Janeiro, incêndio e mortes no CT do Flamengo, e posse de Deputados e Senadores, com eleições dos Presidentes da Câmara e do Senado, é de se desejar que, logo após reassumir o comando da Nação, seja dado um choque de gestão nessa equipe, passando a realizar um trabalho com mais efetividade e menos conversas incoerentes de alguns Ministros, que mais falam do que trabalham. Ou isso é realmente uma prática generalizada, porque os “garotos” do Presidente são os primeiros a falarem sem parar! 

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).

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