Artigo - Juazeiro 2020: lições e apelos

05 de Feb / 2019 às 13h00 | Espaço do Leitor

Grandes coalizões são sempre necessárias, seja para chegar ao poder, aprovar leis importantes ou fazer reformas,  e isso de nada tem singularidade com o fisiologismo tão comentado e exercido nos quatro cantos desse país. 

No final do século XIX, o célebre brasileiro Joaquim Nabuco, abolicionista, monarquista, membro do partido liberal e um dos maiores diplomatas da história, ao ver o partido conservador - cuja corrente política era de oposição a sua - encaminhar o projeto da lei Áurea, em um ato de grandeza juntou todos os esforços possíveis para que a escravidão fosse abolida. Nabuco fez isso por possuir bandeiras e princípios e sobretudo causas, que embora fossem encaminhados pela oposição ou por pessoas que viam o Brasil sob perspectivas diferentes, o fez porque era o mais íntimo sentimento de suas convicções e, ficar contra elas por capricho ou jogo politiqueiro, solapava sobretudo seus valores. 

No início da segunda metade do século XX o mundo presenciou uma coalizão liderada pelos rivais: liberais e comunistas, para combater o nazismo que horrorizava a humanidade com o propósito de uma raça ariana. Apesar das inúmeras divergências pontuais das duas correntes ideológicas, o inimigo a ser vencido era o ponto de convergência. 

Aliás, ponto de convergência é a equação matemática que a oposição de Juazeiro precisa encontrar para aparar as arestas, diminuir as incongruências pontuais e encontrar o ponto de equilíbrio para vencer  o atraso, a falta de rumo e governança, para redirecionar a cidade ao caminho do progresso. 

É inegável o atraso econômico de Juazeiro. A escuridão é o cartão postal para quem anda pelas avenidas e ruas da cidade. A inoperância e a incapacidade administrativa é facilmente percebido por quem observa a cidade. Juazeiro deixou de ser pensada para as pessoas e desconfio que deixou de ser simplesmente pensada. 

A zona azul, fundamental para a cidade virou uma piada de mau gosto. O mercado do produtor, artéria financeira da cidade, é hoje um pântano de imundície. O trânsito caótico e cada vez pior.

Relembrar Nabuco e a coalizão EUA - URSS é antes de mais nada um apelo. Um apelo as lideranças políticas da cidade que hoje se encontram na oposição. É preciso se despir de vaidades e projetos próprios de poder e encontrar o ponto de equilíbrio para unir forças e vencer a precariedade, o retrocesso e o vazio de governança. 

O ponto de inflexão aqui é Juazeiro. Portanto, Suzana Ramos, Allan Jones, Joseph Bandeira, Wank Medrado, Carlos Neiva e toda a oposição... Em uma só palavra: união. 

A cidade sangra silenciosamente enquanto dorme a nossa indignação. O milionário marketing institucional simula uma situação de progresso e normalidade que não existe nas ruas e nos corações dos juazeirenses. É a força da grana.

E a força da grana como disse Caetano: "ergue e destrói coisas belas". 

Leonardo Cordeiro - Juazeirense por escolha e Economista

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.