A natural influência exercida pelo espírito festivo do natal e final de ano, que permeia e contagia as relações entre as pessoas, também inspira sentimentos de paz, compreensão e condescendência por certas coisas. Obviamente que quem escreve e tem como foco os fatos do cotidiano, é levado a sofrer essas influências positivas e assim ameniza o sentido crítico dos textos, exibindo mais leveza na linguagem e com uma tendência quase de “homilia papal”.
Contudo, sem a pretensão de ser profeta do mau, de repente fiz novas reflexões e concluí, contudo, que a bandidagem é muito profissional e não faz recesso de fim de ano. Assim comecei a pensar no tema a abordar no final de ano e fiquei atento ao andamento dos fatos. A tragédia das chuvas em Lajedinho, na Bahia e outros Estados, mas principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo, com muitas mortes e destruição, causou comoção geral em meio às alegrias das festas. Tudo isso contagiou o emocional das pessoas e despertou o espírito de solidariedade.
Em consequência, a tragédia que se alastrou preencheu amplamente os noticiários de toda a mídia e, obviamente, despertou as preocupações do próprio Governo Federal, através da presidente Dilma Rousseff e da Ministra-Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ao que esta declarou em entrevista que um dos graves problemas em tudo isso era a “má gestão dos recursos federais disponibilizados nessas ocasiões para o socorro às vítimas”. Diante disso veio à lembrança que as verbas alocadas para a tragédia das chuvas que matou 911 pessoas e deixou 400 mil desabrigados na região serrana do Rio de Janeiro em 2011, foram desviadas quase na sua totalidade! Quando novas chuvas caíram dois anos depois, com quase o mesmo impacto, foi mostrado exaustivamente que as obras de contenção de encostas não foram executadas, e boa parte dos desabrigados ainda estavam acomodados em abrigos. As verbas federais sumiram pelos ralos da indecência! E o pior é que nenhuma punição recaiu sobre esses canalhas usurpadores e inconsequentes, que não se compadecem da dor e do sofrimento de tantas famílias. Preocupadas, as autoridades agora descobriram “que é preciso mais fiscalização e controle”, o que já é um grande progresso!
Com exceção para as cidades que já convivem com o risco permanente de enchentes por terem sido edificadas às margens de rios, caso de Lajedinho, na Bahia, e várias cidades do Espírito Santo e Minas Gerais, muitas das tragédias urbanas são estimuladas pela falta de infraestrutura pública de escoamento das águas ou por culpa do próprio cidadão brasileiro que tem o triste hábito de emporcalhar as ruas com todo tipo de lixo, sem imaginar que ele próprio poderá ser a vítima dessa prática irresponsável. De outra parte é urgente que a educação pública priorize ensinamentos direcionados à formação dos nossos jovens no melhor trato com as coisas do meio ambiente, não no sentido do fanatismo exacerbado, mas na compreensão de que uma mudança de atitudes e comportamentos será fundamental na proteção da própria vida em geral.
À mídia deve ser atribuída uma parcela de responsabilidade na inserção diária de mensagens educativas, principalmente usando as novelas que detêm alto índice de audiência e cujos horários fazem parte da agenda diária das famílias. É inimaginável o efeito positivo que poderia resultar junto ao público se atores de credibilidade apresentassem textos que sugerissem exemplos de conduta, com recomendações bem claras de como viver com decência em comunidade. Fica aqui a esperança de que não somente os autores de novelas, mas os programadores das televisões em geral, passem a reconhecer a importância do papel educativo que podem desempenhar no conjunto da sociedade... Ufa, nem o sentimento natalino escapou!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA agenor_santos@ig.com.br
7 comentários
29 de Dec / 2013 às 23h00
BOA NOITE JUAZEIRO! Amanhã será novo dia... Próspera semana queridos... Vamos que vamos para 2014...!!! Copie e ouça: http://www.youtube.com/watch?v=O040xuq2FR0
29 de Dec / 2013 às 23h10
Grande Agenor, disse muito, disse tudo... na verdade a concepção do "vender mais" tem que dar lugar ou um espaço conforme sugerido na educação e transformação de mentalidades...Sua ideia é excelente e vamos colocar pra frente...!!! Que o Senhor continue iluminando sua mente fértil ao bem comum meu nobre amigo - 2014 - A ESPERANÇA CONTINUA...!!!
29 de Dec / 2013 às 23h28
Muito se poderia falar a respeito da temática importantíssima que vc levantou nesta sua derradeira crônica anual. O exemplo da Finlândia oferece-nos um belo modelo sobre um país que teve/tem a coragem e vergonha necessários para INVESTIR em educação (única forma, creio, de se corrigir todo tipo de mal que nos mostra o Brasil/vergonha que vemos diariamente desfilar nos meios de comunicação). Já dizia não sei quem, não sei quando, que "sem educação não há salvação". Acredito nessa tese. A Presidente da Finlândia, Tarja Halonen deu algumas dicas: “1º.-É muito importante ter a coragem de alocar recursos para a educação básica; 2º.-Um povo educado elegerá dirigentes honestos e competentes. Estes escolherão os melhores assessores; 3º.-Um povo educado não tolera a corrupção; 4º.-Um povo ignorante desperdiça seus recursos e empobrece; 5º.-Um povo ignorante vive de se iludir”.
29 de Dec / 2013 às 23h31
(CONTINUAÇÃO) - A Presidente foi bastante clara e firme nessa assertiva. O suficiente parece-me, para que a gente acredite piamente ser esse o caminho, sem outra alternativa. E que o mesmo é dificílimo de trilhar, leva tempo - muito tempo - e que talvez nem nós, nem nossos filhos, quiçá netos, alcançaremos os benefícios de um programa sério de investimento nessa área. O que para nós é uma lástima!...
30 de Dec / 2013 às 07h16
O cronista nos mostra dois lados, um da incompetência política, outro da dor ampliada pelos fatos ocorrerem durante as festas natalinas. Mas isto apenas demonstra um fenômeno político no Brasil, que é eleição e reeleição de representantes que levam aos seus gabinetes pessoas despreparadas e que acaba tolhendo a capacidade dos funcionários públicos de trabalharem de forma adequada. Da Presidente a Vereadores, uma única constatação, movem-se com extrema burocracia declarando que com isto a corrupção poderá ao menos diminuir. Mas acredito que isto apenas existe para centralizar nas mãos dos políticos o papel de "mocinhos". Mas que apenas revela o lado perverso da Gestão Pública . O de que os encarregados de organizar a gestão dos recursos públicos apenas criam sofismas para praticar a corrupção. Na crônica, são dadas boas sugestões para a melhoria da percepção pública. Daí, talvez os ignorantes em politica deixem de eleger corruptos/incompetentes. Enquanto isto, por que não um Feliz 2014?
30 de Dec / 2013 às 10h49
Alegra a qualquer cronista a participação inteligente de leitores que nos seus comentários adicionam algo mais e que somente enriquece o tema abordado. O Acord@dinho é presença marcante e pontual, mas quero parabenizar o Blog por estar tendo acessos de Salvador e de Foz do Iguaçu, no Paraná, com os leitores Nasser e Eden Feldman, com contribuições de grande valor. Obrigado a todos.
30 de Dec / 2013 às 12h09
OBRIGADO, a você Grande Agenor...!!!