Reconhecida como cidade com a segunda melhor água do mundo, Alagoinhas inspirou política nacional de saneamento

Reconhecida oficialmente pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) como a cidade com a segunda melhor água do mundo, Alagoinhas, a aproximadamente 78 km de Feira de Santana, se tornou referência nacional por unir ciência, participação popular e gestão sustentável em um plano de saneamento ambiental considerado pioneiro no Brasil.

Elaborado entre 2003 e 2004, o Plano Municipal de Saneamento Ambiental (PMSA) colocou o município entre os primeiros do país a estruturar políticas públicas para a área com base em estudos técnicos, diagnósticos detalhados e ampla consulta à população.

A experiência local foi tão inovadora que serviu de base para a formulação da Política Nacional de Saneamento Básico, sancionada em 2007.

Em meio ao aniversário de Alagoinhas, que completou 172 anos na quarta-feira (2), o g1 relembra o processo e destaca o que faz da água da cidade um destaque nacional.

Coordenado pelo professor titular da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e especialista no tema, Luiz Moraes, o plano foi fruto de um convênio entre a instituição de ensino e a prefeitura, com apoio da Petrobras.

A iniciativa envolveu 19 pesquisadores da Ufba e 10 técnicos do município na realização de estudos detalhados, que serviram de base para o planejamento dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, manejo de resíduos sólidos e avaliação dos recursos hídricos subterrâneos. O resultado foi um documento robusto, aprovado pela Câmara de Vereadores e transformado em lei.

"Esse plano foi um dos primeiros do Brasil a adotar uma abordagem participativa com envolvimento direto da população. O relatório final foi aprovado pela Câmara Municipal e transformado em lei, tornando Alagoinhas pioneira na criação de um plano municipal com essa estrutura", ressaltou o professor.
A proposta previa soluções para a ampliação dos serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem das águas pluviais e manejo de resíduos sólidos, visando atender toda a população da sede e dos sete distritos do município.

De acordo com a Saae, o município é abastecido exclusivamente por água subterrânea, através de poços tubulares profundos que exploram o Aquífero São Sebastião, um dos mais produtivos do Recôncavo baiano. De acordo com o plano, a qualidade da água é considerada excelente e o volume utilizado representa menos de 20% da capacidade disponível.

Dados da instituição indicam que os melhores parâmetros foram registrados justamente no Sistema Aquífero Marizal-São Sebastião. Essa formação geológica permite vazões que chegam a 410 m³/h em poços mais profundos, com recarga natural promovida pela infiltração da chuva nas áreas de afloramento.

G1 Bahia Foto saae