Em correspondência enviada à Rede GN Auxiliares de Atendimento Educacional Especializado demonstram descontentamento com o cronograma de recesso anunciado pela Seduc – Secretaria da Educação de Juazeiro.
“É inaceitável que, em pleno período de recesso escolar — previsto oficialmente no calendário de 16/06 a 30/06 — sejamos obrigados a permanecer nas escolas durante praticamente todo esse período, usufruindo de apenas uma semana de descanso” revela parte do documento.
Confira a íntegra da Carta Aberta abaixo:
CARTA ABERTA DOS AUXILIARES DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-BA
Nós, auxiliares de Atendimento Educacional Especializado (AEE) do município de Juazeiro-BA, viemos, por meio desta carta aberta, manifestar nosso total descontentamento e indignação diante do cronograma de recesso escolar imposto pela Secretaria de Educação (SEDUC).
É inaceitável que, em pleno período de recesso escolar — previsto oficialmente no calendário de 16/06 a 30/06 — sejamos obrigados a permanecer nas escolas durante praticamente todo esse período, usufruindo de apenas uma semana de descanso. Gostaríamos de compreender a lógica dessa decisão, visto que nossas atribuições são diretamente ligadas ao atendimento e ao acompanhamento dos estudantes, e não haverá aluno na escola durante esse período.
É incoerente e desrespeitoso justificar a permanência dos auxiliares de AEE nas unidades escolares simplesmente para “garantir o funcionamento da escola”, como se o nosso papel fosse de caráter administrativo ou operacional, quando, na verdade, nossa função é pedagógica, especializada, e voltada exclusivamente para o atendimento educacional dos alunos com deficiência.
Já não bastassem os constantes desvios de função e o acúmulo de tarefas que não correspondem à nossa formação e contrato, agora temos que lidar com mais essa imposição desrespeitosa, que despreza o nosso direito ao descanso digno. Muitos de nós, além disso, sofremos diariamente com situações de assédio moral por parte de gestores escolares, o que agrava ainda mais o cenário de desvalorização que enfrentamos.
Prometeram bonificações. Até agora, nada. O que recebemos com regularidade é muito trabalho, pouca valorização e nenhum reconhecimento concreto.
Estamos cansados. Estamos indignados. Estamos sendo humilhados.
Não aceitaremos esse tratamento injusto sem protestar. Exigimos respeito, condições dignas de trabalho e cumprimento dos nossos direitos.
Essa carta é um grito coletivo dos auxiliares de AEE de Juazeiro-BA, que clamam por respeito, reconhecimento e justiça.
Juazeiro-BA, 10 de junho de 2025.
Auxiliares de Atendimento Educacional Especializado (AEE) — Rede Municipal de Ensino de Juazeiro-BA
PS: A reportagem encaminhou a Carta Aberta para assessoria de imprensa da Seduc. CONFIRA RESPOSTA:
A Secretaria de Educação de Juazeiro/Seduc informa que, de acordo com Estatuto do Magistério, o recesso escolar de junho é previsto apenas para os professores. Os auxiliares de Atendimento Educacional Especializado/AEE, assim como a equipe gestora das unidades escolares e os servidores da área administrativa, não estão incluídos nessa decisão. Contudo, a Seduc optou por programar um revezamento entre os servidores, para que todos possam usufruir do período de recesso escolar.
Durante o recesso, os auxiliares de AEE participarão de um momento formativo promovido pela Diretoria de Educação inclusiva, a fim de qualificar ainda mais o atendimento às crianças com deficiência.
Sobre a denúncia de desvio de função, a Seduc reitera que esta não é uma orientação e reforça que todas as denúncias devem ser feitas diretamente à Secretaria ou à Ouvidoria da Prefeitura de Juazeiro. Fale com quem resolve: 74 98846 0016 ou pelo e-mail [email protected].
A Lei diz: "Nos termos da legislação vigente, especialmente o Estatuto do Magistério Municipal (Lei n° 2.379/2013), os professores efetivos têm direito a 30 dias de férias anuais, a serem usufruídas após o término do ano letivo, além de 15 dias de recesso escolar ao final do primeiro semestre".
Da redação Rede GN
7 comentários
11 de Jun / 2025 às 10h09
Uma vergonha, muitos que tomaram esta decisão contra vocês são chefes hoje deste desgoverno, mas quando tem que trabalhar no chão de escola rapidinho arrumam uma readaptação, Educação sem presente no futuro da Gente!
11 de Jun / 2025 às 13h38
Segregação na SEDUC!!! Secretária é lamentável essa atitude vindo de onde se menos espera, ambiente escola, ao qual é aplicado o maior meio de inclusão e educação que uma pessoa pode ter na vida. Secretária peço humildemente que a senhora reveja essa situação de preconceito e descriminação contra auxiliares de AEE e de sala, esse que terão que trabalhar em pleno recesso "onde professores terão folga". Informo para vocês que esses grandes profissional trabalham tanto quanto ou mais do que alguns professores, mas injustamente são excluídos, espero que isso não seja vingança...
11 de Jun / 2025 às 16h50
Pois o ministério público precisa intervir e exigir a reforma desse estatuto, pois a escola não se faz somente com professores e alunos não. Cadê a lei de inclusão? Cadê os defensores e ativistas da inclusão para ver essa situação? Formação em período de férias/recesso? Sou mãe de uma criança neurodivergente e saímos da rede privada para pública justamente por conta desse apoio desses profissionais que muitas vezes deixam seus filhos desassistidos para cuidarem dos filhos dos outros. Eu quero a auxiliar de minha filha bem descansada, pois não é fácil o trabalho desses profissionais.
11 de Jun / 2025 às 17h31
Preciso saber se o transporte escolar vai continuar fazendo o transporte dos servidores até as referidas instituições.
11 de Jun / 2025 às 17h35
Parece que já tem gente sentindo falta de mamãe. Abram os olhos, é possível que o ISAAC apareça de mãos atadas às dela. Isaac, o povo está sem recesso!
11 de Jun / 2025 às 20h18
Umas formações que nunca trazem novidades em termos de conhecimento, é sempre tudo mais do mesmo. De início tínhamos esperança de que as coisas ficassem melhores para nós mas foi bem assim, muito pelo contrário, nos deram voz, nos encorajaram e depois alteraram a normativa, acrescentando mais trabalho, lógico. Agora os auxiliares devem substituir o professor quando necessário! Onde já se viu isso? Infelizmente somos pau pra toda obra nas escolas, com baixo salário, não temos auxílio alimentação para uma carga horária de 40h mas o professor tem, e nem direito a um descanso digno nós temos mais.
12 de Jun / 2025 às 09h54
Juazeiro, que deveria ser um celeiro de oportunidades e um exemplo de educação inclusiva, parece estar se tornando uma "terra sem lei" para aqueles que dedicam suas vidas à formação de seus cidadãos mais vulneráveis. A ausência de diálogo, a imposição de regras arbitrárias e o descaso com os direitos trabalhistas e a saúde mental dos profissionais são sintomas de uma gestão que perdeu o rumo e a sensibilidade.