Com o tema Violência contra a Mulher e o slogan Marcas no Corpo, Feridas na Alma, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), alerta a população sobre a prevenção a queimaduras no contexto geral e, neste ano, principalmente sobre os casos de violência contra a mulher em que são usados métodos que levam a queimaduras.
O Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, data, que foi instituída pela Lei 12.026/2009, a SBQ promove anualmente a campanha Junho Laranja, com o objetivo de alertar a população e as autoridades sobre os riscos desse tipo de acidente e os traumas que podem ser causados.
Queimaduras são consideradas uma das condições mais devastadoras no atendimento à saúde. Costumam causar dor, longos períodos de internação, sequelas para a vítima e, em casos mais graves, até a morte.
De acordo com a SBQ, apesar de notificações oficiais muito baixas, notícias desse tipo de violência contra a mulher têm aumentado.
“Uma pesquisa realizada pela enfermeira Isabella Luiz Resende, com orientação da vice-presidente da SBQ, Raquel Pan, publicada em 2021, mostra notícias publicadas entre os anos de 2018 e 2019 que apontam a Região Sudeste como a que mais teve casos de violência contra a mulher que resultaram em queimaduras, um total de 47,17%.”
Em 33,9% das notícias pesquisadas, revela-se que, da área corporal atingida, o rosto foi a parte mais afetada (72,2%), seguida do tórax (50%). “O que a gente vê na violência contra a mulher por queimadura é que ele [homem] não quer matá-la, quer desfigurá-la, com o pensamento de que, se ela não for sua companheira, não vai ser companheira de ninguém”, disse Raquel Pan, que também é enfermeira.
Para a coordenadora da Unidade de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado, na capital paulista, Elaine Tacla, o Dia Nacional da Luta Contra Queimaduras chama a atenção também para a necessidade de promover uma educação preventiva para que haja menos vítimas.
“Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 1 milhão de brasileiros se queimam todos os anos. Além disso, cerca de 80% das queimaduras poderiam ser evitadas. As queimaduras podem provocar sequelas importantes, causando comprometimentos físicos e psicológicos”, disse Elaine, que coordena a Unidade de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado, gerida pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês.
De acordo com Elaine, nos casos de tentativa de feminicídio com uso de fogo, os homens geralmente lançam mão de agentes inflamáveis e procuram atingir a face, de modo a afetar a autoimagem das mulheres. Ela ressaltou que, no caso de muitas mulheres, quando não ocorre o óbito, elas ficam com cicatrizes para o resto da vida.
“Cerca de 90% das mulheres atingidas por fogo pelo companheiro omitem o fato e encobrem o ato. A queimadura é um dos meios mais cruéis de violência. Precisamos chamar a atenção para tais casos para que as mulheres acreditem que o homem é capaz de fazer um ato nessas proporções. Mulheres atingidas por esse tipo de violência, geralmente já sofreram outras violências físicas e verbais. Por isso, é importante buscar ajuda logo nos primeiros sinais como forma de se precaver”, enfatizou Elaine.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estimam que ocorram cerca de 180 mil mortes por queimaduras a cada ano, sendo a maioria nos países de baixa e média renda. Além disso, as queimaduras não fatais são uma das principais causas de morbidade, levando a hospitalizações prolongadas, desfiguração e incapacidades permanentes. Estima-se que ocorram aproximadamente 11 milhões de casos de queimaduras que requerem atenção médica em todo o mundo a cada ano. Isso equivale a cerca de 30 mil novos casos por dia.
Queimadura é toda lesão causada por agentes externos sobre o revestimento do corpo, podendo destruir desde a pele até tecidos mais profundos, como ossos e órgãos. Os principais agentes causadores de queimaduras são líquidos superaquecidos, combustível, chama direta, superfície superaquecida, eletricidade, agentes químicos, agentes radioativos, radiação solar, frio, atrito, fogos de artifícios ou, ainda, contato com animais ou plantas (como larvas, água-viva, urtiga).
Nas crianças, o tipo mais frequente é a queimadura por escaldamento, ou seja, aquela em que há a presença de líquidos quentes em contato com o corpo. Ocorrem geralmente em ambiente doméstico.
Agencia Brasil
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