Agora a inteligência artificial já é capaz de criar histórias com base na Bíblia em tom de brincadeira e com linguagem leve, quase como se fosse feita para divertir crianças. O que virá depois disso?
Quando a máquina começa a tratar com leveza o que é sagrado e a reproduzir nossas referências mais profundas, é inevitável perguntar: até onde vamos permitir que ela vá?
A cada dia, delegamos mais tarefas à IA, desde as mais simples até as que exigem sensibilidade, julgamento e imaginação. Parece prático, rápido, inteligente até. Mas há um preço: estamos transferindo também a responsabilidade de pensar, de lembrar, de criar. E quando o ser humano perde essas funções, o que sobra dele?
Elon Musk já disse que brincar com inteligência artificial sem regras claras é como invocar demônios. Stephen Hawking alertava que, se não houver controle, a IA pode significar o fim da humanidade como a conhecemos. Yuval Noah Harari fala sobre a possibilidade de uma elite tecnológica dominar as decisões humanas por meio do controle de dados. Esses não são exageros catastróficos. São sinais de alerta vindos de vozes que entendem tanto o potencial quanto os perigos do que está sendo criado. O debate ético, no entanto, segue morno, quase inexistente. Estamos entretidos demais com os resultados para perceber as consequências.
É verdade que a IA salva vidas, acelera diagnósticos, otimiza transportes e ensina com precisão. A tecnologia não é uma inimiga. Mas quando ela começa a aprender sozinha, a reescrever códigos, a prever ações e a moldar comportamentos, a linha entre ferramenta e controle começa a se apagar. E o mais preocupante não é que as máquinas estejam se tornando humanas, mas que os humanos estejam se tornando máquinas, apertando botões, repetindo comandos e buscando respostas prontas para tudo. A ausência de reflexão coletiva sobre isso é, em si, um risco silencioso.
Diante de tudo isso, sou levado a crer que a inteligência artificial não é boa nem má em si mesma. Ela apenas potencializa o que carregamos dentro de nós. Se usada com ética e propósito, pode servir à humanidade. Mas se deixada à deriva, sem vigilância e sem limites, pode nos reduzir a espectadores do nosso próprio empobrecimento mental e espiritual. Pensar continua sendo um ato profundamente humano. E talvez o mais urgente seja lembrar que essa é uma função que não se deve terceirizar. É hora de sentar e debater a questão.
Por Pastor Teobaldo - Pastor evangélico há 30 anos, com formação em Teologia, Psicanálise Clínica, E
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