Mulheres indígenas baianas criam novo cinema de resistência; conheça filmes

Recontar suas histórias a partir do próprio ponto de vista, transformar dores em arte e romper com estereótipos coloniais são alguns dos pilares do cinema feito por mulheres indígenas na Bahia. Por muito tempo, o cinema brasileiro retratou os povos indígenas através de lentes colonizadas — quase sempre produzidas por pessoas não indígenas e com um viés exótico, folclórico ou marginalizador. Confira na integra reportagem de Beatriz Santos-Portal A Tarde.

Nos últimos anos, no entanto, essa narrativa tem sido transformada por mulheres indígenas que ocupam câmeras, roteiros e direções, levando às telas a potência de seus territórios, memórias e visões de mundo. Não mais através de um olhar colonizador, mas a partir de suas próprias vozes, essas cineastas documentam seus modos de vida tradicionais, preservam suas línguas nativas e tornam acessível a todos a rica história e cultura de seus povos.

O cinema indígena no Brasil, em sua essência, surgiu com um forte caráter político. Cineastas indígenas recontam suas próprias histórias, estabelecendo uma conexão histórica entre o passado e o presente, e sublinhando o fato de que, ao longo da história, têm sido tratados como estrangeiros em sua própria terra. Esse cinema, ao visibilizar a luta constante que os povos indígenas enfrentam no país, torna-se um grito de resistência e afirmação.

Na Bahia, esse movimento se fortalece com nomes como Nádia Akawã Tupinambá, Sarah Payayá e Edilene Payayá, cineastas que desafiam o apagamento histórico e constroem uma produção audiovisual ancestral, política e afetiva. Em entrevista exclusiva ao Cineinsite A TARDE, as cineastas compartilharam experiências, desafios e sonhos de um movimento audiovisual crescente no estado.

O cinema indígena, em especial os seus curtas, tem ganhado cada vez mais visibilidade na Bahia e em todo o Brasil. No Panorama Internacional Coisa de Cinema deste ano, um dos dias do festival foi inteiramente dedicado às produções de povos originários.

Entre os destaques, o filme 'Ama mba’é Taba Ama', dirigido por Gal Solaris e Nádia Akawã Tupinambá, venceu o Prêmio Iguale no 8º Laboratório de Montagem (PanLab), garantindo ao longa recursos de acessibilidade, como legendagem descritiva ou Libras. Já 'Ymburana', de Mamirawá, com co-direção de Rômulo G. Pankararu e Maria K. Tucumã, foi premiado como melhor curta-metragem na Competitiva Baiana, reforçando o protagonismo indígena no audiovisual.

A Tarde