Lula visita acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

A primeira visita de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) neste mandato aconteceu nesta sexta-feira (7), no Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, no Sul de Minas. A escolha do local é estratégica para o anuncio de assentamentos em todo o país, já que acontece em uma das mais antigas e populosas ocupações do grupo no Brasil.

A visita de Lula acontece após pressões do MST para maior atenção do Planalto à questão fundiária. A reportagem do EM esteve no acampamento um dia antes da chegada do presidente para ouvir as expectativas para o evento e os próximos passos do governo federal no atendimento aos sem terra. O aceno a uma de suas bases mais fiéis e à esquerda também ocorre concomitantemente a uma reforma ministerial que deve dar mais espaço ao Centrão na Esplanada dos Ministérios.

De acordo com o governo federal, durante a visita de Lula ao Sul de Minas, foram assinados decretos para entrega de 12.297 lotes em 138 assentamentos, totalizando 385 mil hectares espalhados em 24 estados do país.

Tradicional apoiador de Lula em suas campanhas eleitorais, o MST esperou por três anos pela visita do petista neste seu terceiro mandato. Embora o clima em Campo do Meio na véspera da chegada do presidente seja de contemporização pelo demorado aceno, a agenda do Palácio do Planalto acontece depois de manifestações mais ríspidas do movimento.

No fim de janeiro deste ano, a direção nacional do movimento esteve com o presidente em Brasília e cobrou atenção do governo federal à pauta da reforma agrária. Na ocasião, o dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues, declarou que o número de 3,5 mil famílias assentadas na primeira metade deste governo Lula como insuficiente diante das 70 mil que reivindicam acesso a terras produtivas.

Presente na preparação do ato da sexta-feira, a superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas Gerais, Neila Batista Afonso, trata a assinatura dos decretos pelo presidente Lula como a abertura de uma nova fase no governo. Ela ainda tratou as cobranças do MST com naturalidade.

“Não tenho a menor dúvida que o dia (sexta-feira) é um marco fundamental na luta pela reforma agrária. Esse anúncio não é pouca coisa do ponto de vista do investimento do Poder Público Federal na reforma agrária, e tenho também convicção de que o MST tem o papel dele de demandar. O governo, à medida da sua condição e da sua capacidade faz as entregas. É esse o compromisso que temos estabelecido nesse período”, disse à reportagem.
 

Estado de Minas Foto Arquivo Ricardo Stuart